Na manhã desta segunda-feira (15/09), a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), em Belo Horizonte, recebeu o evento “Oportunidades de Apoio do BNDES para Empresários Brasileiros”, que reuniu lideranças empresariais e representantes do governo para discutir os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e apresentar linhas de crédito destinadas a mitigar esses impactos.
O encontro, voltado a presidentes de sindicatos e indústrias, destacou alternativas de financiamento que podem auxiliar empresas a manter sua competitividade diante do novo cenário internacional.
A abertura foi realizada pelo economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio, que fez uma apresentação da conjuntura econômica. Em seguida, o chefe do Departamento de Indústria e Inovação do BNDES, Maurício Santos Neves, detalhou as linhas de financiamento disponíveis para as pequenas, médias e grandes indústrias afetadas pelo tarifaço americano. Ele ressaltou os financiamentos para inovação, com taxas vinculadas à TR em torno de 4,5% ao ano, e destacou os fundos voltados para descarbonização e manufatura avançada.
“Estamos incentivando a Nova Indústria Brasil com crédito acessível para aquisição de máquinas modernas, inovação tecnológica e investimentos em sustentabilidade. Nosso objetivo é apoiar a transformação produtiva do país e aumentar a competitividade internacional”, disse.
Painel setor produtivo
O ponto alto do evento foi o painel conduzido pelo presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, que contou com a participação do diretor do BNDES, José Luiz Gordon, da ex-senadora Kátia Abreu, do presidente da FAEMG, Antônio de Salvo, e do presidente da Fecomércio MG, Nadim Donato.
Durante sua fala, Roscoe fez uma análise crítica do cenário macroeconômico brasileiro. “Hoje temos juros reais entre os mais altos do planeta e um Custo Brasil que só aumenta, seja pela burocracia, pela elevação tributária ou pelo encarecimento da energia elétrica. Isso mina a competitividade e inibe investimentos. O papel do BNDES, nesse momento, é de mitigação, oferecendo crédito em condições melhores para que nossas empresas possam resistir e buscar novos mercados”, disse
Respondendo ao presidente da FIEMG, o diretor do BNDES, José Luiz Gordon, reforçou a retomada da indústria como prioridade no banco. “O BNDES voltou a ser a casa da indústria. Criamos o Plano Mais Produção, inspirado no Plano Safra, para garantir previsibilidade de recursos ao setor produtivo. Além disso, o programa Brasil Soberano destina R$ 40 bilhões para apoiar empresas afetadas pelo tarifaço americano, somados a R$ 20 bilhões em fundos garantidores e mais R$ 12 bilhões na linha Indústria 4.0. Ao todo, são R$ 70 bilhões em instrumentos disponíveis para o setor empresarial”, destacou.
A ex-senadora Kátia Abreu destacou a importância de eleger setores estratégicos, como a mineração em Minas Gerais, para receber apoio estruturado. “Assim como o agro foi fortalecido no passado, precisamos agora escolher setores industriais promissores, como a mineração, o têxtil e outros, para que recebam investimentos consistentes do BNDES e possam crescer com transparência, inovação e competitividade”, destacou.
Representando a FAEMG, Antônio de Salvo lembrou que, mesmo com o Plano Safra, muitos produtores enfrentam dificuldades de acesso ao crédito. Temos ouvido reclamações crescentes da falta de recursos disponíveis nas agências, principalmente no Sul de Minas. E num ano de safra recorde, isso pode comprometer a próxima temporada. O crédito precisa chegar na hora certa para garantir o plantio e a agregação de valor à produção, seja em soja, milho, frango ou carne bovina. Esse alinhamento entre agro, indústria e comércio é fundamental”, disse.
Já o presidente da Fecomércio MG, Nadim Donato, fez um apelo por condições diferenciadas de capital de giro para o comércio. “Hoje, o comércio paga taxas altíssimas, de até 76% ao ano em contas garantidas. É o dinheiro que já é nosso, mas que custa muito caro antecipar. Precisamos de um plano nacional de capital de giro, assim como existe o Plano Safra para o agro. Afinal, o crédito acessível ao comércio impacta diretamente o preço final pago pelo consumidor”, pleiteou.
Feirão de crédido
O evento foi encerrado com a confirmação da realização de um feirão de crédito, que será organizado conjuntamente pela FIEMG, FAEMG e Fecomércio MG, com apoio do BNDES, para aproximar empresas dos bancos e cooperativas parceiras.
“Vamos realizar o feirão de crédito aqui em Minas, com as três entidades atuando em conjunto. O objetivo é garantir que os empresários tenham acesso rápido e desburocratizado às linhas do BNDES, especialmente os pequenos e médios”, anunciou Flávio Roscoe.
A expectativa é que as medidas apresentadas possam atenuar os efeitos imediatos das tarifas americanas e abrir caminhos para a modernização e a adaptação da indústria brasileira a um cenário global cada vez mais competitivo.
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Thaís Mota
Imprensa FIEMG