Embora haja preocupação sobre os possíveis impactos da posse do presidente americano Donald Trump no Brasil, especialmente no âmbito do comércio internacional, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) acredita que o retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos pode também abrir novas oportunidades para empresas brasileiras.
Ao longo de sua campanha eleitoral, o republicano prometeu impor tarifas pesadas de importação, em um viés mais protecionista em relação à economia americana. Essa possibilidade se apresenta como um sinal de alerta para o Brasil, especialmente em relação ao aço, uma vez que, segundo a International Trade Administration (ITA), o país é o 4° maior fornecedor do produto aos Estados Unidos.
No entanto, conforme análise realizada pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEMG, no primeiro governo do presidente Trump houve uma tentativa de sobretaxar importações, mas, em alguns casos foram criadas cotas de exportação que garantiram a continuidade da venda de produtos brasileiros ao país e, em outros, as medidas acabaram sendo revogadas em razão de necessidades próprias do mercado americano.
“A própria indústria estadunidense passou a pressionar o governo para flexibilizar as medidas protecionistas, o que coloca em cheque a real possibilidade de uma taxação mais agressiva aos produtos exportados pelo Brasil”, comenta a analista de Negócios Internacionais da FIEMG, Verônica Winter. Além disso, ela pontuou que há uma “dependência da indústria estadunidense dos insumos exportados pelo Brasil”.
A possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China também pode abrir oportunidades para o Brasil, uma vez que produtos brasileiros podem ganhar espaço tanto no mercado chinês quanto no americano. “Com a escalada do conflito comercial, parte da gigantesca demanda desses países pode ser suprida por produtos brasileiros. Para a grande maioria dos produtos, uma pequena parcela do mercado que o Brasil possa tomar destes gigantes, já será um aumento substancial em nossas exportações”, destaca.
Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil – atrás apenas da China. O país norte-americano é destino de 11,97% das exportações brasileiras, ao passo que é responsável por originar 15,46% de nossas importações.
Além da representatividade em números absolutos, deve-se observar a qualidade das exportações brasileiras aos Estados Unidos, onde estão presentes produtos semiacabados (que já sofreram alguma transformação e são matérias-primas para outros produtos), além de aeronaves, máquinas e equipamentos pesados.
Exportações mineiras
No caso de Minas a expectativa em relação às exportações também é positiva. Entre os principais produtos exportados para os americanos estão café, ferro-gusa e ferroligas, que respondem por quase 60% das exportações mineiras ao país.
Em relação ao café, o Brasil é líder mundial, de modo que o volume das Minas deve manter essa posição ao longo deste ano. Já o ferro-gusa brasileiro também se destaca por sua produção sustentável. “Nosso ferro-gusa tem baixa emissão de carbono, o que o torna atrativo para empresas americanas que buscam regular suas emissões. E no caso das ferroligas são insumos indispensáveis para a indústria eletroeletrônica nos EUA”, ressalta Verônica Winter.
Thaís Mota
Imprensa FIEMG