Descarbonização e energia limpa, cooperação tecnológica, diversificação de cadeias globais de valor e indústria 4.0 são alguns dos temas propostos para a 24ª reunião plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj), que começou nesta quarta-feira, 5 de julho, em Belo Horizonte.
O evento, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) e sua congênere, a Federação das Indústrias do Japão (Keidanren), busca debater os destaques da agenda bilateral entre o Brasil e o Japão, para fortalecer e melhorar o ambiente de negócios de ambos.
Para a abertura da reunião plenária, no grande Teatro SESIMINAS, estavam presentes diversas autoridades do Brasil e do Japão. Um dos anfitriões, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, recebeu a todos com sinceros agradecimentos, lembrando que no último mês foi celebrado 115 anos da imigração dos japoneses no Brasil. “Os 781 japoneses que chegaram ao porto de Santos (SP), em junho de 1908, foram os precursores da maior comunidade nipônica fora do Japão”, conta o presidente da Confederação, que exalta a importância das contribuições dos japoneses para a agricultura, indústria e formação da cultura nacional. “Nossas relações vêm se recuperando das dificuldades trazidas pela Covid 19. No ano passado, nossas exportações para o Japão alcançaram R$ 6,6 bilhões, um valor 19% maior que o de 2019”, informa.
Recebendo os convidados na casa da indústria mineira, o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, fala que a parceria entre as empresas vai além do investimento, além da troca comercial, a sustentabilidade é um tópico muito importante. “Podemos ter uma colaboração sólida, com transferência de tecnologia e também na melhor utilização dos recursos naturais, usando a sinergia que as duas economias têm de complementariedade”, diz o presidente da Federação mineira, que agradece imensamente pela presença de todos e por ter a oportunidade de fazer esse evento em Minas Gerais.
Eduardo Bartolomeu, presidente da Seção Brasileira no Cebraj e CEO da Vale, disse que os parceiros japoneses são essenciais para o caminho produtivo no Brasil. “Devemos entender a relevância e a oportunidade de fortalecer a cooperação entre nossos países e aproveito para reforçar que devemos promover debates que enriqueçam a agenda bilateral e maximize a troca de informações e melhores práticas, além de fomentar a criação de ferramentas que suportem discussões de interesse comum”, sintetiza Bartolomeo.
O presidente da Seção Japonesa no Cebraj e diretor executivo da Mitsui, Tatsuo Yasunaga, fala sobre a relevância de aprofundar as discussões nas questões importantes como a concretização da digitalização de uma sociedade descarbonizada. “Gostaria de expressar minha esperança de que a reunião desses dois dias seja frutífera, para desenvolver ainda mais a cooperação econômica Brasil- Japão”, ressaltou Yasunaga.
Para Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, o Brasil está caminhando para recuperar a boa relação com o Japão. “É uma história de 115 anos de relação entre nossos países. Nos últimos dez anos, perdemos um pouco a força do fluxo de exportação e importação entre os dois países. Vejo que o presidente Lula já começou a retomada dessa relação histórica”, diz o líder da ApexBrasil, que também ressalta que “são mais de 2 milhões de descendentes do Japão no nosso país, não existe isso em lugar nenhum do mundo. É possível fazer esse trabalho e, mais do que isso, temos uma diplomacia presidencial, que se reflete nas balanças de comércio exterior”, conclui.
Sobre a participação do Brasil na Cúpula do G7, o embaixador do Brasil no Japão, Octávio Côrtes, diz que foi um inequívoco reconhecimento da importância do país para o enfrentamento dos desafios globais. “Além de múltiplos encontros bilaterais, o Presidente Lula, esteve com os membros do grupo de notáveis, onde ressaltou o interesse na ampliação de parcerias e investimentos”, disse o embaixador que também expôs os números. “2023 tem sido positivo para o comércio bilateral, de janeiro à abril, nossa corrente de comércio aumentou 20% em relação ao mesmo período de 2022. As exportações brasileiras saltaram 24% e nossas compras de produtos japoneses tiveram incremento e 10%”, disse.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil – MDIC, Márcio Elias Rosa, que representava o ministro Geraldo Alckmin, disse que Minas Gerais tem um setor industrial produtivo sólido, pujante e diversificado. “Minas corresponde por 10,3% das exportações do Brasil e merece atenção e investimento”, ressaltou o secretário que prevê um futuro próspero nessa relação bilateral. “O Japão será a sociedade do hidrogênio e o Brasil também será, assistimos hoje um momento histórico, que é a neoindustrialização, capaz de ser inclusiva, diversificada, a fomentar a balança comercial e diversificar a pasta de exportação”, completou.
Também representando o Governo Federal, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, falou sobre o prazer de ter um título em seu cargo que lembre sua terra natal com orgulho. “Olho para o meu estado, Minas Gerais, onde, a partir dos anos 50 do século passado, a cooperação com o Japão permitiu o fortalecimento do complexo da mineração de ferro. O Japão hoje é o 12º investidor direto do Brasil e é também o 4º principal parceiro do Brasil dentre os países asiáticos e o 9º no mundo. Nosso comércio bilateral, em 2022, chegou próximo à US$ 12 bilhões. O Brasil e o Japão precisam estabelecer uma relação mais produtiva, não só do ponto de vista comercial, mas também do ponto de vista cultural, político, da ciência e da tecnologia”, descreve o ministro.
Por vídeo, o ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi disse que é fundamental reunir a sabedoria dos setores público e privado e desejou tudo de bom para as reuniões do Cebraj. “Decidimos fortalecer os laços comerciais e de investimento, inclusive nos campos digital e verde. Por ocasião da Cúpula do G7 em Hiroshima, no dia em que participei, na Reunião de Cúpula do Brasil, o Primeiro-Ministro Yoshida e o Presidente Lula concordaram que os dois países levariam pacientemente suas relações comerciais e de investimentos a um nível ainda mais alto”, afirma o ministro japonês.
E no auditório, o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, disse estar ciente de que as trocas muito animadas entre os países se refletem nos negócios e fala sobre a importância dos temas tratados nessa reunião plenária, especialmente sobre descarbonização e indústria 4.0. “A realização desse comitê bilateral serve como oportunidade para promover ainda mais as trocas econômicas que se estenderão para o futuro”, reflete o embaixador.
Para finalizar a celebração do encontro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, falou sobre as contribuições do setor produtivo no Estado, especialmente, no que diz respeito à transição energética, energia fotovoltaica, o lançamento do Vale do Lítio e a mineração de nióbio e sobre a relação com o Japão o governante diz que “é uma dupla satisfação receber a missão japonesa em Minas Gerais, tanto como governador, quanto como admirador da cultura desse país. Tive contato por mais de 30 anos com grandes empresas japonesas, que me ensinaram muito. Admiro pela disciplina, seriedade e qualidade no trabalho que eles realizam”, concluiu Zema.
A 24ª reunião plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão tem patrocínio ouro da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e do Governo de Minas, patrocínio prata da Cenibra e da Vale e patrocínio bronze da Usiminas.
Ana Paula Motta
Imprensa FIEMG
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