A urgência em combater as mudanças climáticas tem impulsionado um movimento global em direção à descarbonização do setor industrial e à adoção de fontes de energia limpa. Com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e minimizar o impacto ambiental, empresas de diversos segmentos estão investindo em tecnologias inovadoras e sustentáveis.
Para debater como o setor industrial pode contribuir para a descarbonização, a 24ª reunião plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj) promoveu o painel “Descarbonização do setor industrial e energia limpa”. O debate, que contou com a participação de especialistas no tema, teve como mediadora a jornalista Giuliana Morrone. “Estamos aqui para discutir o futuro que queremos não apenas para o Brasil ou para o Japão, mas também para todo o mundo. E isso perpassa por soluções mais sustentáveis em nossas produções e geração de energia. Neste quesito, o Brasil é um exemplo, pois cerca de 44% de sua matriz energética é limpa, além de termos a segunda maior cobertura florestal do mundo e uma biodiversidade gigantesca”, afirmou Marrone.
Para que a descarbonização seja uma realidade, diversas medidas devem ser tomadas, desde a implementação de processos mais eficientes até a utilização de energias renováveis, sendo que a busca por soluções para tornar a indústria mais verde está em ascensão. Essa transição não apenas promove a preservação do meio ambiente, mas também impulsiona a economia, gerando novas oportunidades de negócios e empregos verdes. A descarbonização do setor industrial e a adoção de energia limpa representam um passo significativo em direção a um futuro mais sustentável e resiliente.
E a empresa Vale, representada por Gustavo Biscassi, head de relações externas, vem se empenhando neste sentido. Segundo Biscassi, uma das principais iniciativas da Vale é o compromisso de reduzir suas emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa em 33% até 2030. Para alcançar essa meta, a empresa está investindo em tecnologias de ponta, como a captura e uso de carbono, bem como o uso de energias renováveis em suas operações. Além disso, a Vale tem adotado medidas para aumentar a eficiência energética e reduzir o consumo de água em suas atividades.
“Hoje nós não conseguimos pensar em mineração sem falar de descarbonização, inovação e desenvolvimento. Precisamos ver o mineral e perceber toda a sua potencialidade. Quando fizermos isso, iremos perceber que o mineral sempre esteve presente em nossas vidas, desde o ferro das primeiras ferramentas produzidas pelos homens, aos circuitos dos modernos celulares que temos em nossos bolsos”, ressaltou.
Pedro Paulo Dias Mesquita, gerente de Mineração e Transformação Mineral do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pontuou durante o painel que a instituição tem a missão de apoiar o Brasil a enfrentar seus desafios e, para isso, é necessário ampliar e fortalecer parcerias com diversas instituições. “Trabalhar juntos é uma de nossas tradições”, disse o gestor.
Mesquita também falou sobre a relevância do Brasil na descarbonização e destacou as principais ações do país neste sentido, como o compromisso brasileiro de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, conforme estabelecido no Acordo de Paris. “Para alcançar esse objetivo, o país tem promovido a expansão das energias renováveis, como a solar e a eólica, além de investir em programas de eficiência energética”.
Kazuhiko Kamada, diretor executivo da Oji Holdings, corporação responsável pelas empresas Cenibra e a Oji Papéis Especiais, compartilhou que a missão é promover uma produção sustentável, como foco na preservação ambiental, recuperação de locais desmatados e preservação do ecossistema.
O representante da Nippon Steel Corporation, Tatsuya Miyahara, falou sobre o desafio do carbono zero e o potencial de colaboração com o Brasil. O gestor afirmou, em sua apresentação, que o ferro é algo indispensável para o desenvolvimento de um país. “Entretanto, o minério de ferro pode ser processado de uma maneira mais correta e sustentável, além do potencial de reciclagem”. Segundo Miyahara, o Japão tem como meta reduzir, até 2030, 30% da emissão de CO2 e alcançar a emissão zero até 2050.“Queremos fornecer um aço carbono zero e assim contribuir para a descarbonização mundial”, afirmou, dizendo que o Brasil é um país rico em recursos naturais abundantes e possui minério de ferro de alta qualidade.
Quem também participou do evento foi Hernane Genu, head de desenvolvimento de negócios da Raízen. A empresa, de origem brasileira, atua nos setores de produção de açúcar e etanol, distribuição de combustíveis, geração de energia renovável e lubrificantes.
O painel “Descarbonização do setor industrial e energia limpa” foi encerrado com a exposição de Yuki Kodera, presidente da Mitsui & Co. Brasil. “Há 33 anos, fui estagiário em Belo Horizonte. Foi meu ponto de partida na relação com o Brasil e fico muito feliz em ter a oportunidade de voltar a esta terra e mostrar um pouco de meu trabalho”, comentou.
Kodera apresentou o SAF Project – Sustainable Aviation Fuel, iniciativa voltada para a descarbonização da aviação por meio do uso de combustíveis sustentáveis. “O projeto tem a parceria de produtores de biomassa, refinarias e empresas aéreas para promover o desenvolvimento e a produção em escala comercial de SAFs. A Mitsui busca garantir a disponibilidade desses combustíveis eficientes e apoiar a transição do setor de aviação para uma matriz energética mais limpa e de baixo carbono”, afirmou, explicando que o projeto SAF também tem o objetivo de estabelecer uma cadeia de valor sustentável em sua produção. “Isso inclui o desenvolvimento de tecnologias de conversão, a implementação de práticas de produção eficientes, a gestão responsável da terra e a redução do desmatamento.
“A iniciativa SAF Project da Mitsui reflete o compromisso da empresa em apoiar a descarbonização da aviação, contribuindo, assim, para a redução das emissões de carbono no setor. Ao incentivar o uso de combustíveis sustentáveis para aviação, a Mitsui está ajudando a promover a sustentabilidade e a mitigação das mudanças climáticas”, destacou.
A 24ª reunião plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj) foi realizada nos dias 5 e 6 de julho, no Teatro SESIMINAS, em Belo Horizonte. O evento foi uma realização da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e teve patrocínio ouro da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e do Governo de Minas, patrocínio prata da Cenibra e da Vale, patrocínio bronze da Usiminas e apoio da FIEMG, por meio de seu Centro Internacional de Negócios (CIN).
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Denise Lucas
Imprensa FIEMG