A construção de um mercado de trabalho mais inclusivo foi o tema central do I Seminário de Inclusão e Acessibilidade da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho, realizado nos dias 18 e 19 de setembro, no auditório da OAB Juiz de Fora. O evento foi promovido pelo Instituto Médico Psicopedagógico (IMEPP), com apoio da FIEMG Regional Zona da Mata, reunindo empresas, profissionais de RH, órgãos públicos, representantes da sociedade civil e pessoas com deficiência em torno de um mesmo propósito: fortalecer a inclusão produtiva e cidadã.
O IMEPP é uma associação civil sem fins lucrativos de caráter filantrópico e assistencial, não governamental e sem fins lucrativos, que desenvolve, há mais de 50 anos, programas sociais em articulação com as políticas públicas de educação e assistência social direcionadas às famílias e indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social. Através do Projeto União Solidária, o IMEPP tem atuado diretamente para garantir a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
A solenidade de abertura do Seminário contou com a presença diversas autoridades, como a presidente da FIEMG Regional Zona da Mata e do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Juiz de Fora e Governador Valadares (Sindivest JF-GV), Mariângela Miranda Marcon, que destacou a importância de transformar a legislação em práticas efetivas. “Não é favor nenhum garantir à pessoa com deficiência o espaço que ela tem direito na sociedade. O que mais dignifica o ser humano é o trabalho, e precisamos criar condições reais para que essas pessoas possam exercer suas funções plenamente, com pertencimento e autonomia”, afirmou.
O presidente do IMEPP, Luiz Fernando Freesz, também reforçou o papel transformador da inclusão. “Apenas a obrigatoriedade legal não garante resultados. É preciso vencer as barreiras invisíveis, investir em qualificação e mudar mentalidades. A inclusão é uma tarefa coletiva, que envolve empresas, poder público e toda a sociedade”, disse.
A programação da primeira noite contou ainda com a palestra inaugural de Samuel Vitor, uma criança de 11 anos, escritor, músico e palestrante com altas habilidades e autismo, que emocionou o público ao compartilhar sua trajetória. “Se todo mundo respeitar as diferenças de todo mundo, todo mundo cabe no mundo”, resumiu.
Debates sobre desafios e soluções
O segundo dia de Seminário foi marcado por mesas de debate com especialistas nacionais e regionais, abordando temas como: “Barreiras à Inclusão Profissional, Promoção de Capacitação e Qualificação”; “Monitoramento e Fiscalização da Lei de Cotas”; “Conscientização e Sensibilidade Empresarial”; “Criação de uma Rede de Apoio e oportunidades”, e ainda uma palestra sobre Monitoramento Biopsicossocial.
Participando da mesa sobre Monitoramento e Fiscalização da Lei de Cotas, a presidente da FIEMG Regional ZM, Mariângela Marcon, apresentou informações levantadas pela Gerência de Economia da FIEMG e reforçou que a inclusão vai além do cumprimento da legislação. “Precisamos dar formato a essa inclusão. Incluir não é cumprir cota, é criar um ambiente onde o trabalhador tenha sentimento de pertencimento. As empresas precisam ser mais humanas, e o Sistema S tem papel fundamental para oferecer qualificação que prepare de fato as pessoas com deficiência para o mercado”, destacou.
O painel foi mediado por Cássio Ribeiro Proton, consultor jurídico, de relações trabalhistas e sindicais, e também participaram a auditora fiscal do Trabalho, Patrícia Siqueira Silveira; e o diretor Estadual de Políticas para Pessoas com Deficiência da Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de Minas Gerais (SEDESE), Daniel Araújo Souza. Patrícia Silveira apresentou dados atualizados da região, apontando avanços no número de contratações, mas ressaltando que os índices ainda estão aquém do previsto pela legislação. “Nosso objetivo não é multar as empresas, mas orientá-las e abrir caminhos. A multa é o último recurso”, afirmou.
Resultados e próximos passos
Como encaminhamento prático, foi anunciada pela presidente Mariângela Marcon a proposta de abertura de uma turma piloto de capacitação de 25 pessoas com deficiência, resultado de uma parceria entre o SENAI e o IMEPP, com o objetivo de preparar e encaminhar esses profissionais ao mercado de trabalho.
O Seminário também deixou como legado o compromisso de criação do Fórum de Inclusão e Acessibilidade da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho, que funcionará como um espaço permanente de diálogo e articulação entre empresas, entidades de classe, poder público e sociedade civil, ampliando a força das ações em favor da inclusão.
Para a FIEMG Regional ZM, o seminário representou um passo decisivo rumo à construção de um ambiente de trabalho mais diverso, humano e sustentável. “Este é um momento para refletirmos individualmente sobre o que podemos fazer e, ao mesmo tempo, para cobrarmos políticas públicas sérias que façam valer os direitos já conquistados”, concluiu Mariângela.
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Graciele Vianna
Imprensa FIEMG