O produtor cultural Maycol Silveira, do Centro Cultural SESIMINAS Uberaba, é um dos indicados ao Prêmio Kikito de Direção de Arte no 53º Festival de Cinema de Gramado. Ele assina a direção de arte do curta Cabeça de Boi, única produção mineira entre os 12 selecionados — de um total de 1.080 curtas inscritos no festival, considerado o mais importante do cinema brasileiro.
Gravado integralmente em Uberaba, o filme concorre em 10 categorias. Com direção de Lucas Zacarias, Cabeça de Boi mistura elementos fantásticos, lendas urbanas e aspectos culturais da cidade para contar a história de um espírito que se prepara para reencarnar em um local onde nada prospera. A narração, feita em francês por meio de inteligência artificial, dá ao filme um tom onírico e simbólico.
Responsável por transformar o roteiro em imagens, Maycol liderou a criação de todos os elementos visuais do curta, incluindo uma caravela cenográfica e sete máscaras de cabeça de boi, feitas com impressão 3D e acabamento artesanal. “Tudo o que vocês veem na tela foi pensado pelo diretor de arte. O meu trabalho é tornar real aquilo que tá no papel. Fazer com que aquilo funcione, que pareça verdadeiro mesmo sendo algo irreal”, explica.
Com formação em Produção Audiovisual e especialização em Direção de Arte, Cenografia e Artes Visuais, ele já trabalhou em dois longas-metragens nacionais. Mas guarda com carinho o início da sua trajetória. “Uma curiosidade que eu sempre falo é que o meu primeiro curso de audiovisual foi aqui no [Centro Cultural] SESIMINAS, onde eu trabalho hoje. Foi em 2009, num curso livre de três meses. Eu estava saindo do colegial, meio em dúvida do que queria fazer… e me encantei pelo audiovisual. Foi a partir daí que tudo começou”, disse.
Sobre a construção das cabeças de boi, que se tornaram o símbolo do filme, Maycol conta que foi um processo intenso de pesquisa e testes. “No começo eu até fui atrás de crânio de boi de verdade, que muita gente tem aqui em Uberaba. Mas depois percebi que dava pra usar impressão 3D. A gente queria que fossem sete cabeças diferentes, então fui trabalhando em cima dos protótipos, modificando com pintura, massa, fogo… até chegar no resultado que a gente tem no filme”.
Segundo ele, o reconhecimento de Gramado já é uma conquista. “Quando a gente faz um trabalho, a gente não faz esperando prêmio. A gente faz pra que as pessoas acreditem naquilo. E o trabalho da arte é esse: fazer com que as pessoas acreditem que aquilo é real, mesmo que aquilo não exista. Só de ter sido selecionado e estar no Festival de Gramado, que é o maior do Brasil, já é o maior prêmio. Mas a gente acredita que pode ganhar alguma coisa, sim. Porque é um filme muito bonito, muito verdadeiro, feito com muito amor”, afirma.
Cabeça de Boi será exibido no Festival de Cinema de Gramado no dia 18 de agosto. Já a premiação dos curtas acontece no sábado, 22, com transmissão ao vivo pelo Canal Brasil e pelo YouTube do festival.
Sobre o Festival de Gramado: A 53ª edição do Festival de Gramado acontece entre os dias 13 e 23 de agosto de 2025. O Festival de Cinema de Gramado fez os holofotes se voltarem para a Serra Gaúcha, firmando Gramado como um dos destinos turísticos mais procurados de todo o Brasil e a atração gramadense que mais traz reputação e cobertura de mídia espontânea para o município. Ao longo de sua trajetória, o evento acompanhou todas as fases do cinema nacional, tornando-se pioneiro e referência na realização de eventos do gênero em território nacional. Desde a primeira edição com a consagração de “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, em 1973, mais de mil Kikitos foram distribuídos entre profissionais do cinema que venceram o Festival em diferentes categorias. Além da celebração da produção brasileira e gaúcha, o evento ainda inclui em sua programação uma mostra competitiva de filmes ibero-americanos desde 1992. Já os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado prestam homenagem a atores, cineastas e personalidades ligadas ao cinema.
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Ana Paula Motta
Imprensa FIEMG