A psiquiatra, palestrante e escritora Ana Beatriz Barbosa fechou a 7ª edição do Imersão Indústria, no dia 17 de outubro, com a conferência “Desafios na saúde mental na era digital: Ações estratégicas para empresas do futuro”. Em apresentação franca e didática, ela conectou dados, casos reais e recomendações para líderes e equipes, reforçando que o ambiente de trabalho é parte da solução — e não o único responsável — na prevenção de adoecimentos.
Segundo a especialista, o contexto digital intensificou os gatilhos de ansiedade, comparação social e compulsões. Ela citou o uso médio diário de redes sociais por brasileiros e alertou para a “economia da atenção”, desenhada para capturar tempo e dopamina, além de armadilhas como endividamento digital e apostas online. “O problema vira bola de neve; não é sustentável para a saúde pública e já impacta famílias e empresas”, pontuou.
Ana Beatriz dedicou parte da fala à inteligência artificial. Para ela, IA “veio para ficar” e deve ser incorporada como ferramenta de performance — nunca como substituta do cuidado humano. A palestrante recordou riscos de desinformação, deepfakes e “alucinações” de modelos, ressaltando a necessidade de letramento digital e de canais oficiais de informação. “Lembrem-se: IA não é médica, não é terapeuta. O contato humano, olho no olho, ninguém substitui”, afirmou.
No plano regulatório, a psiquiatra destacou a atualização da NR-1, que inclui riscos psicossociais no escopo de segurança e saúde no trabalho. De acordo com ela, a norma exige que empresas estruturem ambientes sociopsicológicos mais saudáveis, com foco em informação de qualidade, prevenção e encaminhamentos adequados. A partir de maio de 2026, o descumprimento poderá gerar penalidades — mas, para a palestrante, “o pior custo não é a multa; é perder talentos por adoecimento”.
Ao diferenciar burnout de problemas pessoais, Ana Beatriz propôs olhar clínico e gestão responsável. “Burnout é estresse crônico ligado ao trabalho; exige revisão de condições e limites. Mas também precisamos separar o que é da vida pessoal, reconhecer vícios e fraquezas e fortalecer a autonomia do cuidado”, disse. Ela observou que perfis altamente produtivos tendem a ignorar sinais por longos períodos, aumentando o impacto quando adoecem.
A conferencista sugeriu que empresas assumam um papel pedagógico contínuo: rodas de conversa sobre saúde mental, trilhas de conhecimento sobre uso responsável de tecnologia, treinamento de lideranças para acolhimento e encaminhamento, políticas de desconexão e revisão de processos que geram sobrecarga. “Mais do que inflar a estrutura com serviços, é prover conhecimento e autoconhecimento para todos”, resumiu.
Como bússola prática, Ana Beatriz apresentou pilares que sustentam a saúde mental — entre eles, autoconhecimento, conhecimento, inteligência emocional, coragem, ressurgência, resiliência e a busca por sentido e felicidade. Na visão da psiquiatra, a cultura organizacional que favorece propósito e desenvolvimento de talentos reduz riscos e melhora produtividade.
A fala terminou em tom de convite à ação. “Para que afinal floresça o mais humano em nós. Cuidar da mente é condição para florescer. Transformar informação em hábito. Não há saúde sem saúde mental”, concluiu Ana Beatriz.
A 7ª edição do Imersão Indústria foi realizada nos dias 16 e 17 de outubro no BH Shopping, em Belo Horizonte. O evento foi uma realização do SESI, SENAI, IEL e FIEMG. Conta com patrocínio máster da Vale e do Sicoob, apoio máster do Sebrae, patrocínio ouro de ArcelorMittal, Energisa, Herculano Mineração, Samarco e Usiminas; e patrocínio prata de AngloGold Ashanti, Construtora Barbosa Mello, Bemisa, Copasa, Grupo Avante, J. Mendes, Kinross, ManpowerGroup e RHI Magnesita, além de apoio da UNA, Rede Minas e Rádio Inconfidência, por meio da Empresa Mineira de Comunicação.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG