Sucessão empresarial e seus desafios sob diferentes aspectos foram apresentados e debatidos na sexta-feira (4/8), no workshop “Sucessão de sucesso”, promovido pelo programa FIEMG Jovem, na sede da Federação, em Belo Horizonte. O evento reuniu profissionais atuantes no mercado que expuseram o tema a partir dos vieses da governança, jurídico e econômico, formação, educação e outros. Bernardo Rocha de Rezende, o “Bernardinho”, ex-jogador e treinador da seleção brasileira de vôlei, foi um dos palestrantes convidados.
Bicampeão olímpico, Bernadinho falou sobre o que chamou de “cultura da excelência”, com destaque para liderança, resiliência e disciplina. Assim como no esporte de alto rendimento, ele acredita que o bom desempenho no mundo dos negócios e o processo sucessório passam por decisões assertivas, movidas, conforme o palestrante, por paixão e necessidade.
Para Bernardinho, a cultura de uma organização ou de um time está calcada na humildade, disciplina, protagonismo, resiliência, auto responsabilização, foco e treinamento. “Toda crise nos dá uma oportunidade de crescimento porque nos tira da zona de conforto, o que gera reflexões e aprendizado”, afirmou. Por fim, o ex-atleta aconselhou os jovens líderes empresariais “a focar no que importa, a dedicar a situações que são possíveis de controlar e celebrar as pequenas conquistas”.
Intercâmbio de experiências e networking
Ao longo do dia, além de promover debates, o workshop promoveu networking entre diversas gerações de empresários. Um dos temas discutidos foi “A importância da governança e compliance para o crescimento das empresas”, conduzido por Darino Moreira, fundador e CEO da Fabbrica Growth Consulting. Moreira, que também é diretor do Comitê de Inovação e Empreendedorismo da Fiesp, comentou que quando se fala em governança, está se falando também da geração de negócios. “Achar líderes empreendedores é essencial na sucessão”, afirmou. “A estratégia de crescimento efetiva é fundamental para a governança. Nenhuma governança resiste há muito tempo com negócios ruins ou estagnados”, reforçou.
Outro assunto apresentado ao público foi “Planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar”, conduzido por Ricardo Moreira, sócio do escritório VMS Advogados.
Ricardo Moreira explicou que, no Brasil, nove entre 10 empresas são familiares e que quando advém a sucessão, a mortandade é muito grande. “Por isso o diálogo, planejamento e a organização de todos os envolvidos é essencial para o futuro dos negócios”, pontuou, ao explicar a importância dos aspectos jurídicos do planejamento sucessório e como a lei intervém no processo de sucessão. “Planejar pode evitar problemas com o inventário, conflitos familiares e os altos custos com advogados”.
Valores e negócios
Doutor em ciências sociais e mestre em teologia, Celito Meier ministrou uma palestra e preservação do legado e dos valores da empresa do processo sucessório. Meier considera que, para progredir, um negócio precisa estar atento à renovação dos valores conforme os desafios da realidade. “Preservar o que é valor histórico e, ao mesmo tempo, ter sensibilidade para mudar. A juventude pode ousar e criar, mas com a consciência de que é preciso criar novos valores ou transformar os atuais”, observou.
Juliana Gonçalves, partner family business da Kienbaum Brasil, falou a respeito da importância da formação dos membros de uma família empresária para criar uma base para os processos sucessórios. Ela apresentou dados importantes sobre o tema e um deles indica que, no Brasil, as empresas familiares respondem por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) e geram cerca de ¾ dos empregos. Além disso, conforme ela, das 500 maiores empresas brasileiras, 35% são de família.
Esses dados, conforme Juliana Gonçalves, evidenciam a pertinência de debater processos sucessórios e suas implicações no mercado. Para a palestrante, os desafios dos negócios familiares têm a ver com “falta de plano de sucessão, de planejamento estratégico, de estrutura de governança, de capacitação dos herdeiros e choque cultural de gerações”. A consultora conduziu também um debate no qual foi apresentado um case de sucessão empresarial.
O presidente do FIEMG Jovem, Matheus Pedrosa, explicou que o propósito do workshop foi apresentar as principais razões para a realização do planejamento sucessório e fornecer ferramentas para obtenção de sucesso nesse processo. Segundo Pedrosa, o evento também teve o intuito de criar um momento entre sucessor e sucedido, “promovendo um alinhamento de expectativas, de forma a ajudar as famílias a passarem por essa etapa”.
Ao encerrar o encontro, o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe ressaltou que a sucessão empresarial começa pela educação dos filhos, bem com os valores que são transmitidos a eles pelos pais “evento de grande importância para a promoção do diálogo entre sucessores e sucedidos. Uma transição bem sucedida é aquela que evita entrincheiramento”, disse.
O workshop contou com os patrocínios da VMS Advogados, Mais Previdência e da Escola Família Empresária.
Clique aqui e veja mais fotos.
Denise Lucas e Rafael Passos
Imprensa FIEMG