Um dos destaques do primeiro dia de programação do Imersão Indústria 2025, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), no BH Shopping, em Belo Horizonte, foi o debate Transição Energética Justa: O Papel da Indústria na Construção de um Futuro Sustentável, que contou com a participação da Camila Schoti, diretora de marketing e comercial da (re)Energisa, da Lucilene Carvalho, gerente de sustentabilidade do Iveco Group para a América Latina e do Fabiano Santos, gerente de planejamento estratégico na GASMIG.
Camila Schoti, diretora de marketing e comercial da (re)Energisa, falou sobre o cenário de transição energética no Brasil como um todo, como o setor de energia encara essa transição e como a Energisa se posiciona nesse processo.
“Temos condições específicas no Brasil, diferente da realidade da Europa, por exemplo. Nossa estratégia tem que estar alinhada à tendência de consumo que no Brasil ainda é alta, já que nosso país tem dimensões continentais. Nosso país tem um consumo de energia muito alto, e além disso, temos mercado livre apenas para grandes consumidores de energia – em nível de alta tensão. Já para o consumidor de energia residencial, essa ainda não é uma realidade. Portanto, o mercado brasileiro ainda não é totalmente liberalizado, embora no modelo livre seja possível escolher o tipo, como eólico ou solar”, explicou.
(re)Energisa
A diretora de marketing e comercial ressaltou que o trilema da energia ideal para descarbonizar a matriz é equilibrar sustentabilidade, segurança energética e garantir equidade energética para quem vai comprar. “A medida que o consumo aumenta, temos que adicionar novas fontes de energia limpa”, explica Schoti.
“Temos no Brasil, um cenário dinâmico e multifacetado e uma transição energética gradual. Com isso queremos alcançar uma energia: diversificada, descarbonizada, descentralizada digitalizada e democrática”.
A (re)Energisa nasceu na região da Zona da Mata mineira e está há 120 no Brasil, com capital 100% nacional, presença em 97% do território nacional, com 11 estados atendidos. “Hoje a energia solar compartilhada é um dos cinco maiores players do mercado, ela funciona como geração distribuída em pequenas plantas de geração solar, sendo que a maior base de ativos está em Minas, chegando a quase 40%. São 15 mil associados (indústria e residência), 440 mwp de capacidade instalada, o que equivale a 300 ‘maracanãs’ e mais de 120 usinas solares em 9 estados”.
Camila destacou ainda que o papel da indústria na transição energética é entender como descarbonizar e economizar na cadeia de valor industrial, e isso acontece por meio da expansão das unidades de produção, das unidades de distribuição (média tensão) e das unidades administrativas (baixa tensão).
“Dentre as soluções em descarbonização está o I-rec, que é um certificado de energia renovável, por meio do qual a empresa comprova que a energia que comprou vem de fonte renovável e isso pode ser muito importante ao longo da cadeia”, salienta Schoti.
IVECO
Durante o debate, Lucilene Carvalho, gerente de sustentabilidade do Iveco Group para a América Latina, lembrou que para ser justa, a energia tem que ser acessível. “O desafio é balancear sustentabilidade econômica e financeira, especialmente para o setor de transporte. No Brasil, mais de 60% das cargas são por modal rodoviário e 11% da emissão total de CO2 do país vem de veículos pesados, o que é nosso grande desafio”, explicou.
A gerente da IVECO explicou ainda que no setor de transportes, ao pensar em eficiência energética, é preciso levar em consideração a idade média dos caminhões: “No Brasil é de 20 anos, contra 10 anos na Europa. Precisamos estar atentos também ao fato que a motorização dos veículos tende a gerar uma redução de 15% no consumo de combustível, e não estamos falando apenas de CO2, mas também de outros poluentes como NOx e material articulado”.
“São dois passos para a transição energética em nosso setor: renovar nossa frota, para então poluir menos, e ficarmos mais modernos com tecnologia embarcada, o que reduz o consumo de combustíveis em 5%. Precisamos considerar ainda o uso de novos combustíveis, como o elétrico, lembrando que 85% da matriz energética do Brasil é renovável: gás natural e biocombustível”, explica Lucilene.
A gerente da IVECO destacou ainda a inauguração do centro de treinamento profissional para indústria automotiva em BH, em parceria com o SENAI para preparar motoristas e mecânicos diante das novas tecnologias e da eletrificação dos caminhões leves e pesados. “Lançamos um desafio para 60 mil estudantes pela descarbonização no setor automotivo, para o escopo 3, potencializando estudantes e treinando a indústria. Temos mais de mil projetos sugeridos a serem analisados. Nessa transição precisamos de olhar para pessoas, processos e produtos”.
GASMIG
O gerente de planejamento estratégico na GASMIG, Fabiano Santos, falou sobre o potencial energético do gás natural. “Embora seja um combustível fóssil, ajuda na transição energética tornando a matriz menos poluente. Ele traz segurança para o sistema de geração solar e eólica, e é bem menos poluente do que o carvão e a gasolina. Ainda temos muitos desafios tributários, de interiorização do gás e de competitividade de preço. Basta pensarmos que a Europa é toda cortada por gasodutos e aqui essa disseminação ainda é cara”, explica.
“Vale destacar ainda a opção do biometano, gás gerado a partir dos rejeitos da indústria da cana-de-açúcar, com fornecimento estável ao longo do ano. O biometano é a grande promessa do setor neste momento e entendo que o hidrogênio verde será uma opção a longo prazo, com os primeiros projetos em 2040”, destaca o gerente da GASMIG.
A 7ª edição do Imersão Indústria é uma realização do SESI, SENAI, IEL e FIEMG. Conta com patrocínio máster da Vale e do Sicoob, apoio máster do Sebrae, patrocínio ouro de ArcelorMittal, Energisa, Herculano Mineração, Samarco e Usiminas; e patrocínio prata de AngloGold Ashanti, Construtora Barbosa Mello, Bemisa, Copasa, Grupo Avante, J. Mendes, Kinross, ManpowerGroup e RHI Magnesita, além de apoio da UNA, Rede Minas e rádio Inconfidência, por meio da Empresa Mineira de Comunicação.
Clique aqui e confira mais fotos do painel.
Por Marina Rigueira
IMPRENSA FIEMG