Nesta terça-feira (28/10), o Conselho de Educação e Treinamento da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) realizou a penúltima reunião do ano. No formato híbrido, o encontro ocorreu na sede da FIEMG, em Belo Horizonte, e a abertura foi realizada pelo presidente do colegiado, José Batista de Oliveira, que pontuou que 2025 tem sido de muito trabalho e conquistas e espera que o ano que vem seja ainda melhor.
“Ao longo do ano, tratamos muito sobre a dificuldade de contratação de mão de obra para todos os setores da economia. O grande sucesso Bolsa Família — que atende cerca de 53 milhões de pessoas hoje — deveria ser medido pelas pessoas que saem do programa, o que significa dizer que estão melhorando de vida. Além de trazer enorme custo fiscal para o Estado, traz grandes problemas na contratação e retenção de mão de obra para as empresas. As pessoas que não têm oportunidade de estar no mercado de trabalho, não têm condições de mobilidade social”, pontuou José Batista
Natália Nunes, secretária executiva do conselho e analista de projetos educacionais do SENAI, convidou a palestrante Wilma Dal Col, responsável pela gestão de talentos da Right Management ManpowerGroup Brasil, a dar início ao painel Desafios do mundo do trabalho com diferentes gerações e expectativas.
“Estamos em quase 80 países e constantemente fazemos pesquisas para entender o que está acontecendo no mundo do trabalho não só no Brasil, mas também na Europa e nos Estados Unidos, e avaliar se há uma tônica comum entre esses cenários. Trabalhamos com soluções voltadas para as pessoas desde a contratação até o desligamento no mundo corporativo”, explicou Wilma Dal Col.
Escassez de mão de obra
Wilma citou uma pesquisa realizada junto a empresas no mundo em que foram relatadas dificuldades para contratar mão de obra, habilidades específicas e o que elas estão fazendo para solucionar escassez de talentos.
Dentre os principais desafios concluídos pela pesquisa estão: a dificuldade de preencher posições, expectativas em constante mudanças por parte dos candidatos, pressão por maior diversidade e inclusão, urgência de formar novas gerações diante da “aposentadoria” de profissionais experientes, já que hoje os jovens têm muitas informações, mas pouca experiência.
“A escassez de mão de obra no Brasil continua em alta. Ouvimos cerca de mil e poucas empresas no Brasil e mais de 800 relataram que não conseguem contratar pessoas qualificadas, e isso não é só para vagas de tecnologia, que sim são a maioria, mas também para vagas simples, que não exigem grandes formações técnicas, como administrativas ou mesmo de início de carreira”, destacou a palestrante, que mostrou ainda que na média global, 74% das empresas estão com dificuldades de contratar. O Brasil está em segundo lugar entre os países com mais dificuldade de contratação profissionais de tecnologia, perdendo apenas para a Índia.
Habilidades humanas e trabalho informal
De acordo com Wilma Dal Col, “a conclusão da pesquisa é que as pessoas estão menos preparadas para o que as empresas estão buscando e isso não diz respeito apenas às habilidades técnicas, mas especialmente aos soft skills, ou seja, às habilidades humanas”
“As pessoas preferindo trabalho informal: o jovem é o que menos quer o contrato formal. São trabalhos que normalmente permitem menos exposição no mundo tecnológico que eles desejam estar, além disso, os jovens têm um perfil em cansar mais rapidamente de um trabalho e querer sair, e como são formados em um mundo digital, eles estão acostumados a simplesmente bloquear ou sair do que não se gosta. A maioria dos jovens querem cada vez mais informalidade e flexibilidade”.
Outro ponto trazido pela pesquisa é que o nível de desistência no primeiro dia de trabalho é enorme. Além disso, no mundo, 30% das pessoas não estão engajadas com o trabalho, e no Brasil são 32% dos profissionais que não estão verdadeiramente presentes no que estão trabalhando. “E aí surge a pergunta: Como engajar? A escassez de talentos está diretamente relacionada à necessidade de investir em pessoas”, provoca Wilma Dal Col.
Tendências globais da força de trabalho
A palestrante detalhou também as quatro principais tendências globais da força de trabalho em 2025, com foco no engajamento:
“A primeira delas é a força de trabalho expansiva: temos quatro gerações trabalhando juntas. As pessoas hoje são mais longevas e querem contribuir profissionalmente até mais tarde na vida. Daqui a quatro anos, teremos cinco gerações trabalhando juntas”, salienta.
Outra tendência são as novas formas de trabalho. “O mercado mudou permanentemente em 2020, com a pandemia, mas tanto empregadores, quanto profissionais ainda estão se adaptando aos novos modelos de trabalho. Precisamos de versatilidade na contratação e diversificação da abordagem: líderes e não apenas gestores”.
A terceira tendência trazida pela palestrante é a transformação digital. “A democratização da inteligência artificial está acelerando a transformação digital e alterando a estrutura das organizações. É preciso ir além do foco em carreiras lineares e ter a inovação e a cibersegurança como princípios”, explicou a mestre em gestão de pessoas.
E para concluir, a quarta tendência é a aceleração da mudança global: “na era da indústria 4.0, as organizações enfrentam escassez global de talentos agravada pela instabilidade geopolítica e pelos desafios de sustentabilidade. Precisamos adequar colaboradores atuais e futuros em todas as funções, para habilidades verdes”.