Um dos principais objetivos dos acordos internacionais firmados pelos mais diversos países, dentre eles o Brasil, em busca da redução das emissões de carbono, é a mitigação dos efeitos causados pelas mudanças climáticas em todo o mundo. No caso brasileiro, conforme estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), os desastres causaram prejuízo de mais de R$ 792,7 bilhões de 1991 a 2023.
Nem todos esses desastres estão associados às mudanças climáticas, mas boa parte deles sim, especialmente a partir de 2015, quando a ocorrência desse tipo de evento cresceu consideravelmente no país. De 2015 a 2023, o Brasil registrou um aumento de 142% no número de desastres, sendo a maioria deles climatológicos e hidrológicos.
Desastres hidrológicos no Brasil
Fonte: Atlas Digital.
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais da FIEMG.
Os eventos climatológicos (estiagem e seca, incêndios florestais, ondas de calor e baixa umidade e ondas de frio) representaram 49,2% dos desastres registrados no Brasil nos últimos 32 anos. Já os hidrológicos (alagamentos, chuvas intensas, enxurradas, inundações e movimentos de massas) corresponderam a 38,6%, mas foram responsáveis por mais de 83% das mortes por desastres naturais no país, e por quase 91% dos danos materiais.
% por tipo de desastre hidrológico
Fonte: Atlas Digital.
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais – FIEMG.
No Brasil, um exemplo recente do impacto dessas mudanças climáticas foi a tragédia causada pelas chuvas intensas registradas entre abril e maio no Rio Grande do Sul. Um volume inédito de chuvas deixou mais de 180 pessoas mortas e atingiu cerca de dois milhões de pessoas, além de ter deixado um rastro de destruição por Porto Alegre e diversas outras cidades.
Nesse caso, o estudo projeta que uma hidrelétrica do porte de Três Marias, por exemplo, se instalada na Bacia do Rio Guaíba, poderia ter controlado cerca de 67% da vazão da água que causou os alagamentos na região. “As áreas afetadas no Rio Grande do Sul possuem três usinas hidrelétricas que, juntas, têm capacidade de armazenamento de 157 bilhões de litros – o que corresponde a 0,8% da capacidade de armazenamento de Três Marias. Ou seja, se fosse construído um grande reservatório hidrelétrico a montante nas cidades, ele poderia conter parte da água da chuva, além de gerar energia elétrica a baixo custo”, disse o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe.
Inclusive, Roscoe destaca que o reservatório de Três Marias já foi útil para conter um volume excessivo de chuvas no passado. “Em 2022, a hidrelétrica conseguiu controlar mais de 8 mil metros cúbicos de água por segundo em um único dia. Ou seja, mais de oito milhões de litros, o que corresponde a 1.600 caixas d’água de cinco mil litros por segundo. Foi um volume muito alto, e que poderia ter causado uma tragédia na região”, afirmou.
Nesse sentido, o presidente da FIEMG defende que o país amplie a utilização de seu potencial hídrico como forma não só de conter grandes volumes de chuva, mas também de ampliar o uso de energia elétrica renovável no país e baratear o custo da energia. Atualmente, o Brasil possui 89% da sua matriz elétrica renovável, sendo que há 30 anos, esse percentual era de 97%. “Apesar das energias solar e eólica terem entrado em ação a partir do final dos anos 1990, a nossa matriz elétrica está piorando e é preciso fazer um pacto para a extinção das energias de fontes não renováveis até 2035”, concluiu o presidente.
Confira o estudo na íntegra, clicando aqui.
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Thaís Mota
Imprensa FIEMG