Ainda no segundo dia do Imersão Indústria, a relação da imunização com a saúde e segurança dos trabalhadores foi tema de um dos painéis do evento. O assunto foi debatido por Rafaela Soares, especialista científica em Vacinas Pfizer Brasil e Frederico Bicalho, coordenador de Medicina do Trabalho da ArcelorMittal João Monlevade, e teve mediação de Fernanda Zanetti, Coordenadora de Promoção da Saúde do SESI-MG.
Os participantes trataram do impacto da vacinação no absenteísmo no trabalho e como a imunização nos postos de trabalho pode ser uma estratégia dos programas de saúde e segurança das empresas. Frederico Bicalho trouxe gráficos com as taxas de absenteísmo de uma siderúrgica da ArcelorMittal entre 2018 e 2022, demonstrando o impacto da pandemia de covid-19 no afastamento de trabalhadores e a diferença nos dados após o início da vacinação contra a doença.
O ápice do absenteísmo na siderúrgica se deu em dezembro de 2020, quando 5,6% dos trabalhadores se afastaram. Já em 2022, após toda a população brasileira ter acesso ao esquema completo de vacinação contra a covid, as taxas de absenteísmo variaram entre 0,47% e 1,61% ao longo de todo o ano, retornando à média registrada no período pré-pandemia.
Utilizando esses dados, o médico do trabalho simulou um cálculo de impacto do absenteísmo na folha de pagamento da empresa, sem considerar afastamentos pelo INSS, e outros impactos. “Fazendo uma exemplificação, em uma empresa de 1.000 empregados, um absenteísmo de 0,51% corresponde em média a 765 horas perdidas no mês. Já em um cenário de absenteísmo de 5,26%, o número de horas perdidas em um mês é de 7.890. Ou seja, uma diferença de mais de 7.000 horas. Se colocarmos que a folha de pagamento mensal dessa empresa é de R$4 milhões e considerando 150 mil horas possíveis trabalhadas (44 horas semanais), o custo direto de hora trabalhada seria de R$26,66. Então, considerando a diferença de 7.125 horas de absenteísmo entre os dois índices, só em folha de pagamento, o impacto é de R$190 mil a mais que a empresa perdeu por falta do empregado”, explicou.
Ele deu o exemplo do cálculo acima para justificar a importância de campanhas de vacinação e de programas de saúde do trabalhador nas empresas e complementou citando o caso da gripe, que é considerada uma doença ocupacional e uma das principais causas de absenteísmo e cujo custo da dose da vacina não é tão alto se comparado aos impactos da ausência do empregado em um índice de 5,26%. “A vacina da gripe H1N1, que é a única indicada no calendário vacinal para todos os empregados, tem custo para a empresa de R$59 a dose, com a vacinação na empresa. Ou seja, isso significa que se eu vacinar toda a população da minha empresa de 1.000 empregados, eu vou gastar R$59 mil”, disse.
Já Rafaela Soares, especialista científica em vacinas da Pfizer Brasil reforçou a importância da vacinação na prevenção de doenças e o impacto de campanhas de vacinação em escolas e locais de trabalho, onde a adesão geralmente é maior. “Eu vivenciei no ano passado um case de vacinação escolar em Brasília. Em 3 meses, dentro de 500 escolas da rede pública, foram feitas mais de 500 mil doses de vacinas. Esse é um dado muito positivo, especialmente quando se considera um público que ainda precisa de autorização dos pais. Em empresas, onde todos têm mais de 18 anos, não tem sequer essa questão e o resultado é bastante positivo”, disse.
Ela também criticou a polarização a respeito do tema. “A gente tem um contexto muito sensível em relação às vacinas, então temos o contexto religioso que é muito forte quando falamos sobre vacinas na adolescência, mas talvez hoje o que mais impacta é o contexto político, como se fosse um time de futebol ou partido político”, pontuou.
Ao final, questionada sobre a previsão de vacinas contra a covid para aquisição por empresas, Rafaela anunciou que, ainda no primeiro semestre deste ano, a vacina da Pfizer contra deve ser comercializada no país. Atualmente, segundo a própria especialista, apesar da redução do número de casos de incidência e mortalidade, quando consideradas todas as doenças imunopreveníveis, a doença que mais mata no Brasil continua sendo a covid.
O Imersão Indústria é realizado pela FIEMG, pelo SESI e pelo SENAI, com patrocínio máster da Gerdau, Vale, Gasmig, Cemig, Codemge, CNI e ArcelorMittal. O patrocínio ouro é da Herculano Mineração, Sicoob Credfiemg e Sicoob Credminas, Barbosa Mello e Caixa Econômica Federal. O patrocínio prata é da Bemisa, Localiza Gestão de Frotas, Vallourec e IVECO. O apoio máster é do Sebrae e apoio da RMMG, Mason Holdings, JMendes, Pfizer, (Re)energisa, Una, IEL e CIEMG.
Thaís Mota
Imprensa FIEMG