Enquanto a COP 30, a primeira Conferência do Clima sediada na Amazônia, acontece em Belém (PA) até o dia 21 de novembro, paralelamente, foi realizado no SENAI Horto em Belo Horizonte (MG), nesta quarta-feira (19/11), o Desafio para Descarbonização. O projeto do SENAI Nova Lima venceu o desafio, realizado pelo SENAI, o maior hub de educação técnica para a indústria, em parceria com o Iveco Group, a única empresa da América Latina a contar com um portfólio 100% impulsionado por energias alternativas. O segundo lugar ficou com o SENAI Itabirito e o terceiro colocado foi o SENAI Araxá.
A solução vencedora propõe sensores inteligentes nos tanques de combustível, que monitoram a qualidade do diesel e sinalizam, por cores, o nível de adequação para uso. O sistema evita o consumo de combustível contaminado e contribui para uma operação mais sustentável e segura. “Participar desse desafio mostrou que temos a chance de desacelerar o aquecimento global com inovação e colaboração. Todos nós somos vulneráveis às mudanças climáticas, o que torna a transformação urgente e necessária hoje”, destacou o aluno do SENAI Nova Lima, Pedro Henrique Moura da Silva.
A segunda posição ficou com o SENAI Araxá. A proposta transforma o escapamento dos caminhões a diesel em um aliado da descarbonização, capturando CO₂ diretamente na fonte. O sistema utiliza cartuchos à base de óxido de magnésio (MgO), material durável e reciclável, que permite regeneração e reaproveitamento do CO₂ em aplicações industriais. “O Desafio foi importante para nós jovens entendermos que é impossível desconectar sustentabilidade de inovação não só do transporte, mas de todas as áreas e negócios”, pontuou o aluno Alex Eduardo do Carmo Brandão.
Em terceiro lugar, o SENAI Itabirito criou um sistema de frenagem regenerativa para caminhões pesados, capaz de converter energia cinética em elétrica e armazená-la em baterias. O resultado é menor consumo de diesel, redução de emissões e mais eficiência na operação. “Quem ganha com tudo isso é a sociedade, que reúne cada vez mais ideias a favor da aceleração da transição energética”, reflete Jean Carlos Silva de Oliveira, representante do grupo.
O Desafio
Esse é o maior projeto de formação industrial com foco em sustentabilidade do Brasil, e leva o assunto para o centro do debate no ano de COP30. Realizada entre agosto e outubro, a iniciativa mobilizou quase 5 mil jovens em busca de soluções em frentes como economia circular, pegada de carbono e segurança, capazes de reduzir emissões e impulsionar a transição rumo ao carbono zero.
Com papel estratégico no transporte rodoviário nacional, Minas Gerais é uma potência em inovação quando o tema é transição energética em larga escala. Nesse movimento, a educação assume papel central ao formar novas gerações capazes de transformar o modo de produzir, pensar e agir diante dos desafios da sustentabilidade.
De acordo com Ricardo Aloysio, gerente de Educação e Tecnologia do SENAI MG, o objetivo foi estar em pauta com a Cop-30 e envolver os alunos com essa temática: desafio da descarbonização focada na cadeia de suprimentos. “O legado que fica é que levamos esse tema para 5 mil alunos. Esperamos que, ao chegarem na indústria, esses alunos desenvolvam projetos com foco na descarbonização ou minimamente entendam a relevância do assunto. É importante lembrar que os 5 mil alunos vão trabalhar nos mais diversos setores da indústria. Inclusive percebemos a necessidade de incluirmos esse tema na ementa do curso técnico”, ressaltou Aloysio.
Para Lucilene Carvalho, gerente de Sustentabilidade do Iveco Group, a iniciativa traduz a mensagem principal da COP30, considerada a conferência da ação. “Estamos concretizando o que a COP30 promoveu em fóruns, que é a implementação dos planos. Acompanhamos jovens transformando ideias em propostas concretas. Outro ponto tratado com frequência na conferência foi o desenvolvimento não só de conhecimento técnico, mas também de habilidades como comunicação, colaboração e visão para transformar. A terceira frente é mobilização. Mobilizar milhares de estudantes, de diferentes escolas e realidades, foi integrar mais gente nessa jornada — e isso dá escala e impacto reais ao que estamos construindo”.
A aliança entre educação técnica de qualidade e inovação é estratégica para a indústria que tem que se transformar diante de um cenário de mudanças climáticas. “Para nós, a sustentabilidade não é um discurso de futuro. É uma estratégia de negócio e redução de custos. Essa estratégia deve passar pelo desenvolvimento de pessoas para, de fato, mantermos a eficiência e reduzirmos as emissões”.
O motor, o coração do veículo, é peça-chave para a descarbonização. Para Carlos Tavares, presidente da FPT Industrial para a América Latina, marca powertrain do grupo, a educação move realidades, e isso já é visível na marca que desenvolve propulsões adaptadas para diferentes realidades do mercado. “Adotamos projetos como o Educar FPT no nosso centro de treinamento em Sete Lagoas, onde fica o maior complexo da empresa no mundo. E vemos os olhos brilharem e futuros serem transformados. E nós também somos movidos por essas novas ideias. Nesse momento em que completamos 25 anos no Brasil, lideramos diversos projetos dentro da nossa estratégia multienergética, com investimentos em gás natural e biometano. E queremos que as futuras gerações continuem inovando”.
Projetos inovadores
Entre as mil propostas apresentadas, surgiram desde soluções integradas aos caminhões IVECO que alimentam sistemas elétricos periféricos a energia solar até a reengenharia sustentável de peças plásticas.
Após um criterioso processo seletivo envolvendo especialistas do SENAI-MG e do Iveco Group, e fase de aceleração, os três projetos mais inovadores seguem para a última etapa. As propostas que se destacaram vão expor protótipos que simulam o funcionamento das tecnologias, garantindo alinhamento com critérios de inovação, aplicabilidade e impacto climático.
SENAI Horto
O local, recém lançado, é a primeira sede da Iveco Academy na América Latina, e não poderia ser mais estratégico para a iniciativa: o centro de treinamentos reúne tecnologia e funcionalidade, e prepara profissionais com o que há de melhor da montadora IVECO, reconhecida como a montadora mais inovadora do Brasil, e da FPT Industrial, marca powertrain que desenvolve motores com propulsões multi energéticas, incluindo energias renováveis como etanol, biometano e elétrico.
Setor central para toda a economia do país, o transporte rodoviário de carga rodoviária passa por profundas tecnológicas para aumentar a eficiência e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões CO2. “Nesse movimento, a educação assume papel central ao formar novas gerações capazes de transformar o modo de produzir, pensar e agir diante dos desafios da sustentabilidade e da competitividade. O Brasil é o cenário perfeito para esses talentos, onde temos o potencial para aproveitar a diversidade e a abundância de matérias-primas renováveis e inovar. Só quando conectamos conhecimento com propósito, temos o verdadeiro impacto da transformação”, destaca Marcio Querichelli, presidente da IVECO para a América Latina.
Marina Rigueira
Imprensa FIEMG