Com o tema “Liderança, Legado e Estratégia: Construindo o Futuro da Empresa Familiar”, o workshop Sucessão de Sucesso 2025, realizado pelo programa FIEMG Jovem, nesta sexta-feira (08/8), reuniu especialistas e empresários para discutir os principais desafios e caminhos de continuidade nas empresas familiares. O evento, realizado na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais, em Belo Horizonte, destacou a importância de um planejamento sucessório estruturado e alinhado às dimensões da família, do patrimônio e do negócio.
Na abertura da quarta edição do Sucessão de Sucesso, a presidente do programa FIEMG Jovem, Izabella Lages, propôs uma metáfora saborosa para falar de transição empresarial: a de um bom vinho. “A sucessão empresarial é como cuidar de uma plantação de uvas: exige cuidado, paciência e respeito às raízes. Aqui não é sobre substituir, é sobre harmonizar gerações, com uma aprendendo com a outra. Que este evento, promovido pelo FIEMG Jovem, seja um instrumento para a conquista de uma sucessão mais sólida — e, quem sabe, como um brinde a um bom vinho”, disse.
Durante o evento, uma série de painéis técnicos, reflexivos e inspiradores foram apresentados. Juliana Gonçalves, da Escola da Família Empresária, mediou o painel “Do sabor à estratégia: como se constrói um legado sustentável”, com o fundador da Tropeira, Cássio Braga dos Santos, a sucessora Gabriela Ungheri Martins Braga e o CEO executivo Ricardo Salera. O grupo compartilhou aprendizados práticos sobre a transição de gerações, reforçando que a sucessão exige preparação, escuta e confiança entre os envolvidos.
Juliana explicou que é a terceira vez consecutiva em que participa do evento e reforçou a importância do planejamento sucessório. Segundo ela, as empresas familiares representam 85% da economia brasileira, mas apenas 4% chegam à quarta geração.
“Sucessão é a palavra de ordem. Não pode ser tratada apenas diante de uma fatalidade ou doença, porque isso gera perda econômica. É preciso preparar as novas gerações desde cedo, de forma profissionalizada, para garantir a continuidade do projeto empresarial com pessoas competentes e qualificadas, sejam elas da família ou não”, afirmou.
Na sequência, o advogado Ricardo Moreira, do escritório VMS Advogados, abordou os principais instrumentos jurídicos que garantem segurança ao processo sucessório, como testamentos, acordos de sócios, holdings familiares e protocolos de família. “Governança é a ponte entre o patrimônio e o propósito da família”, destacou.
A palestra magna foi com o tema “CNPJ com DNA: legado de gigantes”, com o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, e o empresário Rubens Menin. Roscoe aproveitou o momento para enaltecer o papel da nova geração na transformação da indústria mineira e a necessidade de líderes preparados para conciliar tradição e inovação.
“Pra quem está formando um sucessor, eu sempre digo, que deve deixá-lo errar, para conquistar a autoconfiança. O sucessor tem que estar aberto a aprender e a fazer a autoanálise. A realidade é que se ele insistir em fazer a fórmula de sucesso da empresa, ao longo do tempo, estará diante do fracasso. Já quem está fazendo a sucessão, deve orientar o seu sucessor a aprender e saber a hora de corrigir a rota”, compartilhou Roscoe.
O executivo André Simões apresentou a palestra “Governança não é moda, é multiplicador de valor”, evidenciando como boas práticas de gestão familiar contribuem para a longevidade dos negócios. O talk show “Na rota do legado: uma escolha, dois destinos” reuniu os empresários Francisco Guerra Lages (Grupo Orgel), Ailton Ricaldoni (Nanum Tecnologia) e seus sucessores Felipe Guerra Lages e Sabrina Lobo, que dividiram vivências e dilemas da passagem de bastão.
Encerrando o ciclo de conteúdo, Luiz Porto Jr., fundador da vinícola Luiz Porto, conduziu a palestra “Entre vinhas e visões: um legado em manutenção”, ressaltando como preservar identidade, cultura e propósito diante das transformações do mercado.
Ao longo da programação, os temas centrais giraram em torno da importância de iniciar o planejamento sucessório no tempo certo, da avaliação precisa do negócio (valuation), da governança jurídica e dos aspectos emocionais que envolvem o processo. Dados do IBGE e da consultoria PwC embasaram as discussões: cerca de 90% das empresas brasileiras são familiares, mas apenas 30% chegam à terceira geração. Entre os principais desafios estão a falta de preparo, conflitos familiares e o desinteresse das novas gerações.
Com foco na perenidade dos negócios e no fortalecimento das lideranças emergentes, o workshop reforçou que sucessão não é apenas uma transferência de cargos — é uma construção coletiva de futuro, baseada em estratégia, diálogo e legado.
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Ana Paula Motta
Imprensa FIEMG