A Câmara da Indústria de Metalurgia, Siderurgia e Mineração da FIEMG se reuniu no dia 3 de setembro, na sede da Federação, em Belo Horizonte, para discutir os principais desafios enfrentados pelo setor em um cenário de incertezas econômicas e tensões globais.
A abertura foi conduzida por Bruno Melo Lima, presidente do Colegiado, que ressaltou a gravidade do momento. Ele destacou a taxa de juros em torno de 15%, que já provoca sinais de paralisação das atividades, e criticou a falta de sensibilidade do governo em relação à produção nacional. “Além disso, falta sensibilidade em relação à produção nacional, o que agrava um cenário internacional já marcado por conflitos e pelo tarifaço norte-americano”, afirmou. Para Lima, trata-se de uma situação de “absoluta impotência, dramática e preocupante”. Ele reforçou que a FIEMG, em parceria com a CNI, segue em diálogo com empresários norte-americanos na tentativa de amenizar os impactos. “Vamos continuar lutando com a certeza de que vamos nos sair bem mais uma vez”, concluiu.
O debate contou com a participação de Verônica Ribeiro Winter (Centro Internacional de Negócios) e Juliana Moreira Gagliardi (Economia FIEMG), que atualizaram os empresários sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. As sobretaxas chegam a 10%, 25%, 40% e até 50% em setores estratégicos como ferro e aço, máquinas, químicos, mineração e madeira. Embora setores como petróleo bruto e derivados continuem isentos, a nova rodada de tarifas, em vigor desde agosto de 2025, ampliou a lista de itens classificados como “derivados de aço e alumínio”, atingindo cerca de 400 novos produtos, de embalagens de alimentos a veículos pesados.
No setor de máquinas e equipamentos, que exporta US$ 13,2 bilhões, sendo US$ 3,5 bilhões para os EUA, estima-se uma perda de R$ 22 bilhões, equivalente a 7% da receita líquida total. O impacto poderá reduzir até 208 mil empregos diretos e indiretos. Diante disso, o governo lançou medidas do Plano Brasil Soberano (Nova Indústria Brasileira – NIB), com linhas de crédito de R$ 30 bilhões, diferimento de tributos e incentivos à inovação e diversificação de mercados. Ainda assim, entidades como a ABIMAQ reforçam a importância de avançar nas negociações internacionais para reduzir tarifas e diminuir a dependência do mercado norte-americano.
Outro tema discutido foi a dependência em jogos de azar (ludopatia), apresentado por Conceição Marlise Resende (Assuntos Trabalhistas da FIEMG). Reconhecida pela OMS como transtorno mental, a ludopatia tem crescido no Brasil desde a legalização das apostas esportivas em 2018. Globalmente, mais de 80 milhões de pessoas sofrem com o problema. Entre os sinais de alerta estão mudanças comportamentais, negligência de responsabilidades, ansiedade e isolamento. A condição gera impactos significativos na saúde mental, nas relações familiares e no ambiente corporativo, o que exige atenção das empresas.
A reunião também contou com a participação de Rachael Tim, gerente da Escola SESI Alvimar Carneiro de Rezende, que apresentou o Projeto Recriar. A iniciativa busca aproximar a indústria da comunidade escolar, formando cidadãos críticos e preparados para atuar no setor. Empresas participantes podem se tornar “Empresas Madrinhas”.
Confira as fotos da reunião no Flickr do Sistema FIEMG.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG