O Conselho de Política Econômica da FIEMG realizou, nesta quinta-feira, 15 de maio, uma reunião para discutir os desdobramentos da atual guerra comercial no cenário global e seus reflexos sobre a economia brasileira. O encontro ocorreu na sede da FIEMG, em Belo Horizonte.
O evento reuniu representantes da indústria, economistas, acadêmicos e especialistas em política econômica, tendo como destaque a palestra do economista Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, Canuto é membro sênior do Policy Center for the New South e da Brookings Institution.
Durante sua exposição, Canuto abordou os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e seus impactos específicos para o Brasil. Ele destacou que, apesar do reposicionamento das cadeias produtivas globais e da migração de investimentos para países como México e Vietnã, o Brasil ainda não conseguiu se inserir competitivamente nesse novo cenário devido a desafios estruturais internos.
“A guerra comercial começou como uma tentativa de conter o avanço da China nas cadeias globais de valor. As tarifas impostas tinham o objetivo de forçar acordos e reposicionar a indústria americana. No entanto, para o Brasil, os efeitos têm sido mais complexos: embora exista a oportunidade de realinhar suas cadeias produtivas e ganhar espaço em mercados internacionais, o país enfrenta obstáculos que dificultam esse aproveitamento, como a competitividade limitada, burocracia e custos elevados. Além disso, as tensões comerciais geram incertezas que afetam investimentos e a estabilidade econômica interna”, explicou Canuto.
Ele também ressaltou que o contexto global mais volátil, somado às restrições e políticas protecionistas, têm pressionado o comércio brasileiro, exigindo maior atenção às estratégias industriais e políticas públicas que possam fortalecer a posição do país na economia mundial.
Na sequência, o economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio, trouxe reflexões sobre os desafios da desindustrialização brasileira e a importância da produção acadêmica para orientar o desenvolvimento do setor.
“Quanto mais pesquisas e estudos forem feitos sobre a importância da indústria e seus efeitos, melhor será o planejamento do desenvolvimento industrial do país. É fundamental fomentar essa interação entre universidades, empresas e o setor produtivo”, afirmou Pio.
Ao final do encontro, foi anunciada uma nova iniciativa da FIEMG voltada ao ambiente acadêmico e à valorização do conhecimento sobre a indústria: o Prêmio de Economia FIEMG, que será celebrado no dia 2 de outubro de 2025. A cerimônia reunirá cerca de 150 convidados, além da presença da imprensa, e contará com a entrega de prêmios em dinheiro para os melhores trabalhos, além de uma roda de conversa com especialistas e autoridades, e o lançamento do inédito Índice FIEMG de Atratividade Industrial , uma ferramenta analítica desenvolvida pela gerência de Economia e pela gerência de Inteligência Competitiva do IEL.
“A premiação tem como objetivo reconhecer e estimular estudos que ajudem a entender os fatores que impulsionam ou limitam a atividade industrial no Brasil. É uma oportunidade única de valorizar a produção acadêmica e gerar conexões estratégicas entre estudantes, pesquisadores, empresas e o setor público”, completou João Pio.
Com prêmios que chegam a R$20 mil para o primeiro lugar, a iniciativa representa uma das maiores premiações regionais em economia no país.
Fernanda Borges
Imprensa FIEMG