No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, o debate em torno da transição energética e utilização de fontes renováveis ganha mais notoriedade em um cenário global marcado por mudanças climáticas acentuadas, cujos efeitos impactam a sociedade e alertam governos. Em meio a busca pela sustentabilidade ambiental por empresas e organizações, segundo especialistas, startups desempenham um papel importante ao conciliarem tecnologia, inovação e soluções, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a descarbonização industrial.
Empreendedores e empresários que atuam no mercado de startups voltadas para as questões ambientais apontam que um dos diferenciais dessas empresas é impulsionar mudanças frente a modelos de negócios tradicionais, fomentando a adoção de práticas mais sustentáveis e eficientes de transição energética.
“Elas (startups) desempenham papéis cruciais na transição energética ao trazerem inovações disruptivas e sustentáveis para o setor energético, pois possuem a capacidade de desenvolver e implementar soluções ágeis e inovadoras para geração, armazenamento, gestão e distribuição de energia, considerando as suas diversas matrizes como hidrelétrica, solar, biomassa e eólica”, opina Fernando Andrade, sócio e head comercial da BChem, startup de Belo Horizonte que foi criada em 2009 e desenvolve usinas compactas e modulares para a produção de biodiesel a partir da reciclagem de óleos e gorduras vegetais.
Andrade explica que o insumo é produzido a partir de fontes renováveis – óleos vegetais e gorduras animais -, que, segundo ele, reduz a dependência de combustíveis fósseis, além de emitir menos gases de efeito estufa, se comparado com o diesel convencional. “O biodiesel pode contribuir significativamente para operações mais sustentáveis e economicamente viáveis na indústria. Ele pode ser produzido localmente a partir de matérias-primas disponíveis regionalmente, reduzindo a dependência de fontes externas de energia e os riscos de mercado do diesel, promovendo maior segurança energética”, observa.
Consumo consciente e descarbonização
“Muito se fala em procurar novas formas de gerar energia por fonte limpa para suprir a demanda global. A eficiência energética olha a situação sob uma outra perspectiva, que é na ótica de traçar estratégias para reduzir a demanda por energia e, consequentemente, reduzir a pegada de carbono”, pontua Richard Bivar, CEO da startup paraibana Mindsun, sobre consumo energético e impactos no meio ambiente. A empresa atua na gestão de energia para indústrias com um monitoramento inteligente.
“A transição energética precisa acontecer e a sociedade tem de entender a urgência desse movimento. Caso isso não aconteça, todos nós pagaremos a conta”, observa Bivar. Nesse contexto, ele acredita que as chamadas “energytechs” são relevantes por “aplicar modelos de experimentação rápida e que gerem um impacto significativo no meio ambiente, pensando nas melhores formas de gerar, distribuir, consumir e comprar energia e lidar com o meio ambiente”.
Em relação à indústria, cujo consumo de energia corresponde a quase 40% do total produzido no país, segundo dados da associação Abrace Energia, o CEO da Mindsun considera que a adoção de estratégias de eficiência energética traz benefícios sustentáveis sob prisma financeiro e ambiental
Todo processo que envolve a transição energética e o uso de fontes renováveis é visto como um leque de oportunidades para o ecossistema de inovação e das startups, sobretudo no desenvolvimento soluções inovadoras, conforme Alanna Vieira, co-fundadora e diretora de operações da DeCARB, empresa de Aracaju, no Sergipe, que desenvolve soluções para descarbonização da indústria. Para a gestora, “o modelo de desenvolvimento das startups promove uma possibilidade de maior agilidade para adaptação a novas realidades”.
Alanna Vieira é categórica ao apontar que a redução da pegada de carbono no setor produtivo é essencial para mitigar os impactos do aquecimento global, favorecendo a qualidade de vida da sociedade. “A descarbonização contribui para maior eficiência de processos e melhoria dos índices ESG. É um tipo de investimento que possui retorno financeiro, social e ambiental a longo prazo”, explica.
Mesmo com a exploração de fontes de energia limpa, Alanna Vieira lembra que é preciso estar atento a determinadas situações, como criação de uma tecnologia suficientemente adequada e madura para reciclagem de painéis solares. “O Brasil e Minas Gerais possuem uma matriz energética majoritariamente renovável e com muito potencial para crescimento. Além disso, o investimento em inovação pode potencializar muito esse processo de transição”.
BChem, DeCARB e Mindsun são startups que integram o ecossistema FIEMG Lab, hub de inovação aberta da indústria mineira, e cada uma, ao seu modo, é atuante na questão ambiental, de acordo com Bruna Silva, coordenadora do hub. “Diante de uma demanda cada vez mais expressiva da Indústria por iniciativas de sustentabilidade em suas várias formas, as startups oferecem tecnologias de ponta para solucionar esses problemas de forma inovadora. O FIEMG Lab desenvolve e conecta essas startups com essas oportunidades, contribuindo diretamente para o futuro da Indústria e, consequentemente, da sociedade”.
Rafael Passos
Imprensa FIEMG