Sexta-feira, 1º de agosto, é celebrada em todo o mundo como o Dia da Cerveja. Em Minas Gerais, a da 235 cervejarias registradas em 2023 — um crescimento de 155% em relação a 2017, quando havia apenas 87 estabelecimentos. O avanço reflete a força de um setor que, além de agradar os paladares mais exigentes, movimenta a economia, fomenta o turismo e gera milhares de empregos diretos e indiretos.
Esse boom é impulsionado pela combinação de tradição, inovação e empreendedorismo. Minas tem se destacado especialmente pela produção artesanal, com rótulos diversificados que conquistam consumidores locais e nacionais. Estilos como IPA, Weiss, Stout, Pilsen, Sour e tantas outras versões ganham espaço em prateleiras, torneiras e festivais.
Cidades como Nova Lima (com 22 cervejarias), Juiz de Fora (20), Belo Horizonte (20) e Uberlândia (11) lideram o mapa da produção, mas a atividade já está presente em 102 municípios mineiros — do interior às grandes regiões metropolitanas. Apenas Nova Lima e BH juntas somam 42 cervejarias registradas, o que colocaria a região na segunda posição do país em número de estabelecimentos, atrás apenas da cidade de São Paulo (59).
A pujança do setor também se reflete na economia. Segundo estudo da FGV, para cada emprego direto na cadeia produtiva da cerveja, são gerados 34 empregos indiretos, movimentando desde o campo até o copo. A chamada cadeia “campo ao copo” inclui agricultores, fornecedores de insumos, transportadoras, bares, restaurantes, distribuidores e profissionais de eventos e turismo. É nesse ecossistema que se fortalece também o Movimento Cerveja é Rede, que busca valorizar a integração de pequenos negócios e produtores locais.
Na capital mineira, o cenário é ainda mais simbólico: Belo Horizonte é uma das cidades com maior número de bares por habitante no país e, para muitos desses estabelecimentos, a venda de bebidas — especialmente cerveja — representa mais de 50% do faturamento mensal. A cultura boêmia da cidade se alinha com a busca dos consumidores por experiências sensoriais mais ricas, que envolvem harmonizações, conhecimento técnico e valorização de ingredientes da região.
Além dos impactos econômicos, a cerveja também cumpre um papel social e cultural em Minas Gerais. Para Fernando Cota, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas) e fundador da cervejaria Prussia Bier, o setor representa muito mais do que números. “A cerveja, de uma forma geral, tem uma grande representatividade em nosso estado, somando pequenas e grandes indústrias. A cadeia como um todo gera, além de emprego, renda e impostos, benefícios para toda a sociedade. E a cerveja em Minas tem um papel que vale a pena reforçar, que é a questão da sociabilização”, afirma Cota.
“O mineiro gosta de prosear, de estar em roda, em família no fim de semana, em bar, restaurante, visitando cidades históricas e do interior. É quase impossível passar por qualquer canto de Minas sem ver alguém dividindo a mesa, o copo e a cerveja, contando histórias. A cerveja está ligada à nossa cultura, à tradição de receber, de parar para ouvir. Mesmo em tempos de alta velocidade da informação, o tempo do mineiro para esse tipo de encontro ainda se mantém firme às suas raízes”, completa.
Com um setor em expansão, Minas Gerais se firma não apenas como terra do pão de queijo e da cachaça, mas também como referência nacional na produção de cervejas de qualidade. No Dia da Cerveja, os mineiros têm muitos motivos para brindar — com orgulho, tradição e inovação no copo.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG