A autorização para que 38 frigoríficos nacionais possam exportar carnes para a China deve trazer impactos significativos para a indústria brasileira. A avaliação é da analista de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Verônica Winter. “Essa quantidade histórica de habilitações dos frigoríficos somada à recente decisão do governo chinês de não renovar a medida antidumping aplicada aos produtos de carne de frango do Brasil, certamente terá um impacto importante para a indústria. Medidas como essa são essenciais para o aumento da competitividade dos nossos produtos no país asiático e geração de emprego e renda no país”, disse.
Atualmente, a China é o maior comprador de carne brasileira do mundo, mas no ano passado, o valor exportado para o país caiu na comparação com o ano anterior, revertendo uma tendência de aumento que vinha sendo verificada desde 2018, quando o país foi impactado pelo surto de peste suína africana.
No entanto, com a decisão do governo chinês, anunciada na semana passada, as exportações de aves, bovinos e suínos ao país asiático devem voltar a crescer em 2024. “Essas iniciativas favorecem a indústria de carnes do Brasil e contribuem para a expansão nas relações comerciais entre China e Brasil. É provável que haja um aumento da quantidade exportada de carnes brasileiras e consequente aumento no faturamento das empresas do setor”, disse Verônica Winter. Antes do anúncio, o Brasil possuía 106 plantas habilitadas para exportação de carne para a China e agora passa a ter 144.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes, Derivados e de Frios de Minas Gerais (Sinduscarne-MG), Dylton Lyzardo Dias, aposta em uma melhora dos preços a partir do aumento das exportações e avalia que todo o setor acabará se beneficiando da decisão. “A medida traz uma perspectiva de melhora em questão de preço, tanto para o frigorífico quanto para o produtor. E esse resultado deve ser verificado mesmo para os que não exportam, porque eles também acabam beneficiados pela melhora do preço e da margem de lucro”, avalia.
Ele, porém, faz uma observação em relação ao prazo para que esses resultados possam ser observados. “Isso vai aquecer o nosso mercado, mas não será instantaneamente. Isso porque, após a liberação, há ainda as etapas de fechamento de preço, assinatura de contrato e início da produção. Acredito que veremos efeitos daqui a aproximadamente 90 dias”, comentou o presidente do Sinduscarne-MG.
Em 2023, a China representou cerca de 37% do total das exportações brasileiras do produto, somando um valor de US$8,3 bilhões. Já o estado de Minas Gerais exportou US$818 milhões do produto para o país, correspondendo a 60% das exportações de carnes mineiras no período. O país também foi o principal parceiro comercial, referente às exportações totais do Estado em 2023, seguido dos Estados Unidos, Argentina e Países Baixos (Holanda).
Novas possibilidades
Além da habilitação de 38 novos frigoríficos brasileiros para venda de carne para a China, há boas perspectivas para expandir a exportação também para as Filipinas e para o Egito. Também na semana passada foi anunciado que o Brasil obteve o reconhecimento da equivalência de sistemas de inspeção sanitária com as Filipinas, o que resulta em um acordo de “pré-listing” de certificação e habilitação de unidades para as exportações brasileiras de carnes bovina, suína e de aves ao país asiático.
E no mesmo sentido, no final do mês de fevereiro, o Egito também reconheceu o “Protocolo de Equivalência dos Sistemas de Inspeção de Carnes”, aceitando assim a adoção do sistema pré-listing para a habilitação dos frigoríficos brasileiros exportadores de carnes.
Ambas decisões refletem diretamente em processos que facilitam as exportações para esses países e ampliam as relações comerciais brasileiras com mercados internacionais. “Tanto as Filipinas quanto o Egito estão entre os 15 principais destinos de exportação de carne do Brasil e também de Minas Gerais em 2023 e esse anúncio pode impulsionar ainda mais a parceria entre os países”, concluiu a analista de Negócios Internacionais do CIN.
Thaís Mota
Imprensa FIEMG