A Câmara da Indústria de Metalurgia, Siderurgia e Mineração da FIEMG se reuniu no dia 24 de junho, em Belo Horizonte, para debater o cenário econômico e apresentar iniciativas voltadas à inovação, sustentabilidade e responsabilidade social.
Na abertura, o presidente do colegiado, Bruno Melo Lima, alertou sobre os impactos da inflação e dos juros elevados no setor industrial. “Uma taxa de 15% faz com que o crédito chegue a até 25% ao ano, o que inviabiliza investimentos. Vivemos um momento de insensibilidade política e insegurança econômica, com instabilidade do dólar e efeitos da guerra sobre insumos como o petróleo”, avaliou.
Um dos destaques foi a apresentação do projeto Mineraecosmart, desenvolvido por alunos da Escola SESI Alvimar Carneiro de Rezende. A iniciativa propõe a produção de tijolos sustentáveis a partir de resíduos da mineração, tratados com algas e plantas para eliminar metais pesados. “O projeto foi pensado dentro de um contexto real, para aproximar os alunos da realidade industrial”, afirmou Rachel Timm Pisoler, gerente da escola.
Os estudantes Laura Napoli, Melissa Ferreira e Rafael Freitas destacaram o caráter social e aplicável da proposta, que já tem apoio da UFMG, UEMG e busca parcerias com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. “A mineração é fundamental para o nosso país e nos auxilia em diversas áreas da nossa vida”, afirmou Laura. Já Rafael destacou que a tecnologia pode ser adotada pelas comunidades ao redor das mineradoras.
Também foi apresentada por Rafael Diniz, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE), a Nova Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, que permite a destinação de parte do ICMS a projetos esportivos aprovados pelo Estado. Atualizada pela Lei nº 24.987/2024, a medida aumentou o percentual destinado para 0,15% da receita líquida anual do ICMS, o que representa um salto de R$ 26 milhões em 2024 para R$ 89 milhões em 2025. A nova legislação ainda prevê a descentralização de 10% dos recursos para projetos com maior dificuldade de captação, garantindo maior inclusão e alcance.
Já Luiz Cláudio de Melo Costa, pesquisador em tecnologia do CIT SENAI trouxe uma avaliação de seis tecnologias emergentes com potencial de impacto ambiental e industrial: transformação de CO₂ em produtos por eletroquímica, captura de CO₂ em altas temperaturas por estruturas metal-orgânicas, extração de terras raras das cinzas do carvão, remoção de micro e nanoplásticos da água, uso de enzimas para produção de biocombustíveis e degradação de plásticos com bactérias para geração de bioplásticos. Apesar de promissoras, todas as soluções ainda se encontram em estágio laboratorial ou piloto e enfrentam desafios comuns como escalabilidade, viabilidade econômica, requisitos técnicos e adaptação às condições industriais
A reunião contou ainda com atualizações do SINDIFER sobre fiscalizações do MTE, palestra do SENAI 4.0 sobre o uso de inteligência artificial na redução de particulados. E uma apresentação de Karen Gatti, da Women in Mining Brasil, falou sobre o programa WINs, voltado à inclusão e valorização das mulheres no setor.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG