A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) divulgou nesta terça-feira (5/8) estudo detalhado sobre os impactos econômicos do decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no último dia 30 de julho. A medida impõe tarifas adicionais de 40% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros exportados aos EUA – que já estavam sujeitos, desde abril deste ano, a tarifas de 10% – e entra em vigor no dia 6 de agosto. Apesar da isenção concedida a 694 produtos — o que representa cerca de 45% do valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano — os efeitos sobre a economia nacional ainda serão expressivos.
Com base na simulação feita pela FIEMG, estima-se que a imposição da tarifa pode reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e até R$ 110 bilhões no longo prazo. A perda de renda das famílias poderá alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos, além da redução de 146 mil postos de trabalho formais e informais.
Os setores industriais mais atingidos, segundo o estudo, serão a siderurgia, a fabricação de produtos de madeira, de calçados e de máquinas e equipamentos mecânicos. Na agropecuária, destaca-se o impacto sobre a pecuária, especialmente a cadeia da carne bovina, que segue fora da lista de isenções tarifárias e representa parcela significativa da pauta exportadora nacional.
De acordo com o estudo da FIEMG, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40,4 bilhões aos EUA em 2024, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Metade desse valor está concentrado em combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos — setores diretamente afetados pelas novas tarifas. Os produtos brasileiros que seguem sujeitos à taxação representam cerca de 55% das exportações ao mercado americano, somando aproximadamente US$ 22 bilhões. Entre os itens mais impactados estão café, carne bovina, produtos semimanufaturados de ferro e aço e produtos manufaturados.
O estudo completo está disponível aqui.
Impactos sobre Minas Gerais
Minas Gerais, terceiro maior Estado exportador para os Estados Unidos, com US$ 4,6 bilhões em exportações em 2024, também será significativamente afetado. O Estado terá aproximadamente 37% de suas exportações isentas, com destaque para itens como ferro fundido, ferro-nióbio e aeronaves. No entanto, 63% da pauta mineira permanece sujeita à tarifa, atingindo produtos como café, carnes bovinas e tubos de aço.
No curto prazo, a economia mineira poderá ter uma perda de R$ 4,7 bilhões no PIB e redução de mais de 30 mil empregos em prazo de até 2 anos. Em um horizonte de 5 a 10 anos, os impactos podem ultrapassar R$ 15,8 bilhões no PIB estadual e eliminar mais de 172 mil postos de trabalho. Os efeitos recaem principalmente sobre os setores de siderurgia, pecuária, fabricação de produtos da madeira e calçados.
Clique aqui e confira a pesquisa que mostra os impactos das tarifas norte-americanas para a economia de Minas Gerais.
Diplomacia como solução
Para o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, o momento exige maturidade e diálogo institucional. “A imposição dessas tarifas, ainda que parcialmente suavizada pelas isenções, foi unilateral e sem negociação com o governo brasileiro. É fundamental que o Brasil atue diplomaticamente para ampliar o número de produtos isentos, preservar sua competitividade no mercado internacional e proteger empregos e investimentos nacionais”, destaca Roscoe.
A FIEMG reforça que a via diplomática é o caminho mais eficaz para mitigar os impactos negativos da medida e garantir o fortalecimento da relação comercial estratégica entre Brasil e Estados Unidos.
Imprensa FIEMG