Diante de ambientes cada vez mais digitais e conectados, discutir questões como proteção de dados e cibersegurança tornou-se fundamental para garantir o progresso corporativo. Pensando nisso, a FIEMG, em parceria com a Antebellum, promoveu, nesta terça-feira (22), a 2ª edição do Privacy by Minas Gerais, evento que reuniu representantes sindicais, empresários, técnicos em tecnologia e líderes governamentais na sede da Federação, em Belo Horizonte.
Na abertura do encontro, Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, destacou a necessidade de as empresas enxergarem a segurança da informação como ‘’uma ferramenta estratégica’’, visto que, na avaliação dele, disseminar a cultura de proteção de dados no ambiente corporativo significa atrair mais investimentos para o setor produtivo. Segundo Paulo Soares, superintendente de integridade da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, é necessário que as instituições consigam garantir a cibersegurança de informações sensíveis a fim de expandir o desenvolvimento econômico das entidades. Para o CEO da Antebellum, Fernando Fonseca, questões como privacidade e governança são, atualmente, fatores fundamentais para a sobrevivência e prospecção das organizações. Mais tarde, ele participou de uma roda de conversa sobre proteção de informações nas indústrias e empresas ao lado do gestor de Segurança da Informação da FIEMG, Rodrigo Fabiano, e do gerente de SI do Banco Inter, Luiz Rabelo.
Palestras e painéis temáticos
Ao longo do dia, diversos especialistas em tecnologia e direito digital promoveram discussões sobre privacidade. O vice-governador de Minas Gerais, Prof. Dr. Mateus Simões, ministrou uma palestra sobre como a segurança da informação pode fortalecer instituições públicas e privadas. De acordo com ele, é importante conscientizar os gestores sobre ações de integridade e cibersegurança, já que essas são estratégias que podem gerar ganhos relevantes para as empresas.
Em seguida, Roberta Miraglia, presidente do Conselho de Administração da CIMCOP e representante do Sicepot-MG, e Ivana Braga, presidente do Simplast-MG, destacaram os impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no dia a dia dos sindicatos industriais. O debate foi mediado pela advogada na Carvalho Pereira Fortini, Greycielle de Fátima Pereira. Já o advogado da Grossi Law, doutor em direito privado e membro da Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP), Bernardo Grossi, demonstrou, por meio de cases de sucesso, como os desafios provenientes da LGPD podem se transformar em vantagens competitivas para aquelas empresas que já se adequaram à legislação, que completou cinco anos em 2023. Ainda em relação à Lei Geral de Proteção de Dados, o CEO e DPO da Portnet Tecnologia, Edgard Amaral, lembrou que o ecossistema da cibersegurança corporativa não pode ser restrito aos profissionais de TI e do setor jurídico, já que esse é um assunto que impacta todas as áreas, inclusive os setores de gestão e liderança.
O diretor do Conselho Diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Arthur Sabbat, detalhou o cenário fiscalizatório do Brasil neste ano em relação às violações da LGPD. Segundo ele, em 2023, os incidentes de segurança mais notificados à ANPD foram ransomware (software de extorsão que bloqueia o computador e depois pede um resgate para desbloqueá-lo), exploração de vulnerabilidade e acesso não autorizado. Após a apresentação, a diretora-executiva da Antebellum, Renata Avelar, mediou um ciclo de perguntas e respostas do público com o palestrante.
Tecnologia e segurança cibernética
A relação interdisciplinar entre inteligência artificial, segurança da informação e privacidade foi também debatido no evento e teve a abordagem do gerente de segurança cibernética e da informação do Banco Mercantil, Ricardo Leocádio. Segundo ele, os Large Language Models (LLMs), modelos de aprendizado de máquina (Machine Learning), usam algoritmos de aprendizado e possuem relação com aplicativos de inteligência artificial voltados à produção de conteúdo e soluções a partir de uma interação com os humanos, como ChatGPT, Bard e LlaMA.
Tanto na indústria quanto em outros setores, Leocádio vê como necessário treinamento com quem vai utilizar essas ferramentas que, na visão do especialista, já estão influenciando atividades profissionais no cotidiano. “Nós estamos muito longe da inteligência artificial esperada porque, para que haja robôs capazes de tudo, o ser humano precisa desenvolver habilidades”, acrescentou. Enquanto especialista da área, Ricardo Leocádio prega cautela para quem acredita que máquinas vão substituir a atividade humana em ambiente profissional.
Verônica Hoe Lopes, gerente de políticas públicas focada em relacionamento com a indústria e engajamento estratégico da Meta, Fernando Fonseca, CEO Antebellum, e André Cilurzo, diretor da Protivit, debateram sobre os impactos do ChatGPT e outras aplicações de IA generativa nos processos de negócios. Entre outros pontos, eles falaram sobre a importância de regulação da inteligência artificial no país ser norteada pelo equilíbrio e bom senso. No Brasil, o projeto de Lei 2.338/23 dispõe sobre o uso da inteligência artificial (IA).
Os três convidados entendem que a matéria deve ser tratada no sentido de não afetar o lançamento e desenvolvimento de inovações e soluções tecnológicas e, ao mesmo, assegurar a privacidade, a segurança cibernética e o bom uso de plataformas. “Inteligência Artificial e proteção de dados caminham lado a lado, mas nem toda IA vai usar dados pessoais. Portanto, a IA tem que ser utilizada para o benefício da sociedade, exercendo uma função social”, afirmou.
Rafael Camargo, advogado da Camargo & Vieira Sociedade de Advogados, destacou em um painel alguns fundamentos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e a atuação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Para o profissional, as empresas devem ficar atentas à legislação para evitar multas relacionadas à exposição indevida de dados. Nesse sentido, ele elencou algumas medidas preventivas que podem ser adotadas, como mapeamento de dados e registro de operações.
Análise de casos práticos da LGPD sob os vieses da governança corporativa, recursos humanos e transporte/logística foi exposta e debatida por Camila Mota, Tatiana Bhering e Mariana Leão. Em suma, elas falaram sobre a importância da proteção de dados pessoais, treinamento de funcionários e programas de adequação à LGPD. Elas foram unânimes quando apontaram a importância de as empresas e organizações disseminarem entre os funcionários a cultura do devido trato de informações pessoais e do engajamento de gestores e diretores nessa direção.
O último painel do evento teve a palestra do professor Leonardo Parentoni, da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em direito pela USP mestre em direito empresarial pela UFMG, Parentoni destacou, entre outras pautas, a importância de empresas e organizações implementarem programas de proteção de dados e segurança da informação.
Segundo ele, as vantagens da adequação à LGPD contribuem para o “fortalecimento e reputação da marca, captação de recursos, transferência internacional e ampliação de mercados e redução de riscos e sanções”, observou. O professor é ex-conselheiro do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD), órgão consultivo que integra a estrutura da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
A coordenadora de proteção de dados da FIEMG, Livia Marangon, avaliou o segundo Privacy by Minas Gerais como “uma oportunidade de troca de conhecimento, experiências e realização de networking entre diversos profissionais ligados à segurança de dados e à tecnologia”.
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Caio Tárcia e Rafael Passos
Imprensa FIEMG