A pesquisa Indicadores Industriais revelou um panorama de desempenho majoritariamente positivo para a indústria mineira em setembro, com destaque para o crescimento no nível de emprego e a ampliação das horas trabalhadas. Mesmo com o recuo de 0,3% no faturamento geral da indústria – que interrompeu três meses de elevação –, outros indicadores reforçam o dinamismo do setor. Esse leve decréscimo no faturamento está associado à redução de pedidos em carteira, fator que, embora pontual, merece atenção para os próximos meses.
Em compensação, o setor extrativo mineral impulsionou um aumento de 0,8% nas horas trabalhadas, um reflexo do crescimento no nível de emprego e do aumento das horas extras realizadas. Esse contexto é favorável para a indústria, que também registrou um avanço de 2 pontos percentuais na utilização da capacidade instalada (UCI) de agosto para setembro, sinalizando maior produtividade e aproveitamento das estruturas disponíveis.
O mercado de trabalho industrial mineiro também apresentou avanços. Em resposta ao aquecimento da produção, o emprego no setor aumentou, contribuindo para uma ligeira alta de 0,2% na massa salarial. Por outro lado, o rendimento médio real sofreu uma pequena retração de 0,4%, um dado que pode estar relacionado ao contexto econômico mais amplo e à pressão inflacionária em alguns segmentos de consumo.
Entre janeiro e setembro, o setor industrial em Minas Gerais manteve-se em crescimento, sustentado pelo aumento do poder de compra das famílias e pela ampliação dos investimentos. A combinação de um mercado de trabalho dinâmico, políticas de transferência de renda e crédito mais acessível foram fatores fundamentais para a manutenção do consumo interno, ajudando a equilibrar os desafios do setor.
Ainda que os investimentos tenham recuperado ritmo após a queda de 2023, os níveis atuais permanecem historicamente baixos, exigindo cautela. Para o futuro próximo, a expectativa é de continuidade no crescimento, mas a necessidade de ajustes nas contas públicas, como o aumento da taxa básica de juros, já aponta riscos. A elevação dos juros impacta negativamente a concessão de crédito, elemento vital para o setor. Além disso, a recente volatilidade cambial pode pressionar os preços de insumos importados, um aspecto sensível para a indústria de transformação.
Com esses elementos em jogo, a indústria mineira enfrenta um cenário misto para os próximos meses, onde o desafio será equilibrar o crescimento interno com as oscilações macroeconômicas, especialmente no que tange às políticas fiscais e de crédito.