“Comprometimento Recíproco – trabalhador e empregador” foi o tema apresentado por Carlos Calazans, superintendente Regional do Trabalho em Minas Gerais, e Arlélio Lage, procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, durante a reunião do Conselho de Relações do Trabalho e Gestão Estratégica de Pessoas da FIEMG. O evento foi realizado no dia 17 de outubro, na sede da Federação, em Belo Horizonte.
Assédio moral foi um dos temas abordados pelo procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho. Segundo Lage, o assunto tomou uma amplitude muito grande, principalmente após a pandemia. “Está ocorrendo um aumento de denúncias falsas ou equivocadas. Às vezes o empregado confunde excesso de trabalho, uma cobrança da chefia ou mesmo uma prestação de contas como assédio moral”, afirmou, pontuando que é necessário que seja feita, pelas empresas, uma campanha de esclarecimento sobre o que configura ou não como assédio moral. “É necessário que o tema receba um tratamento técnico e criterioso”, disse, reforçando que o Ministério Público do Trabalho é a favor da legalidade e que não tem um lado, seja ele “trabalhador ou empresa”.
Lage também pontuou a importância do setor industrial para o desenvolvimento de Minas Gerais e do país. “Sou da cidade de Itabira, e sei o quanto a mineração auxiliou no crescimento econômico e social do município”. Na oportunidade, o procurador-chefe solicitou que as indústrias auxiliem no combate do trabalho escravo no Brasil. “O maior índice é no setor do agronegócio, mas é necessário que o setor industrial contribua ao tomar cuidado a origem da matéria-prima adquirida”, disse, anunciando, que em breve será lançada uma grande campanha contra o trabalho escravo e que precisará do apoio de todos os setores da comunidade. “Esse combate deve ser feito por todos nós”.
Durante a reunião, Carlos Calazans, superintendente do Trabalho em Minas, também contou um pouco de sua história pessoal. “Aos 12 anos, quando meu pai morreu, fui trabalhar em uma fábrica de velas para ajudar a minha mãe e irmãs, depois, na produção de móveis. Nesta empresa, aos 14 anos, era o responsável por abrir a fábrica e preparar o maquinário antes da chegada dos trabalhadores”, relembrou, contando que a partir de então construiu uma forte trajetória de militância política e sindical, tendo sido presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG) e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). “A primeira negociação trabalhista de minha vida foi feita aqui, na FIEMG, na época em que a entidade era presidida por Fábio Araújo Motta”, comentou. Segundo Calazans, um dos seus projetos atuais é o trabalho de escuta, em que ele vai a campo para ouvir os dilemas e dúvidas dos setores da indústria, agro e comércio. “Vamos fazer isso no Estado inteiro, e começamos por Ubá, conhecido como polo moveleiro. Já nos reunimos com a construção civil e assim vamos seguir até atingir a todos. O mundo está mudando rapidamente e precisamos ficar atentos a isso e o diálogo é uma ferramenta para saber das dores dos trabalhadores e também, das empresas”, refletiu.
O Conselho de Relações do Trabalho e Gestão Estratégica de Pessoas é presidido por Áureo Calçado e se reúne periodicamente para discutir temas relevantes para o setor produtivo de Minas Gerais. “Nosso intuito ao organizar essa reunião foi promover uma conversa aberta e livre de amarras. Desta maneira, queremos contribuir para a criação de um ambiente de trabalho mais harmonioso e unido, com trabalhadores e empregadores jogando em um mesmo time”, afirmou Calçado, dizendo que é preciso priorizar o equilíbrio nas relações entre trabalhador e empregador.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG