O Brasil deu um passo decisivo rumo à independência tecnológica em um setor estratégico da indústria. No dia 14 de julho, foi realizado o evento de lançamento oficial do projeto MagBras – Da Mina ao Ímã, reunindo representantes de 28 empresas envolvidas na iniciativa. Com investimento total de R$ 73 milhões, o projeto visa à consolidação de uma cadeia produtiva nacional de ímãs permanentes à base de terras raras, essenciais para tecnologias de ponta e setores como energia limpa, mobilidade elétrica e defesa.
Liderado pelo Centro de Inovação e Tecnologia (CIT SENAI), o MagBras conta com a participação de instituições científicas, fundações de apoio e grandes empresas nacionais e multinacionais. A coordenação geral é da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). O projeto foi aprovado no edital do Programa Mover, operado pelo SENAI Nacional e pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).
Um dos grandes diferenciais do projeto é o LabFabITR – o primeiro laboratório-fábrica de ímãs e ligas de terras raras do hemisfério sul, adquirido pelo CIT SENAI em dezembro de 2023. Instalada anteriormente pela Codemge, a unidade em Lagoa Santa agora está integrada às estruturas do CIT nas áreas de química, metalurgia, processamento mineral, ligas especiais e meio ambiente.
O evento foi conduzido por Luís Gonzaga Trabasso, pesquisador-chefe do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura e Laser de Santa Catarina. Ele destacou a urgência e o potencial transformador do projeto. “A produção nacional de ímãs de terras raras é um marco para a indústria brasileira. É essencial para acelerar a transição energética, reduzir a dependência externa e reforçar nossa soberania tecnológica.”
O superintendente de Inovação e Tecnologia do SENAI Nacional, Roberto de Medeiros Júnior, enfatizou o caráter pioneiro da iniciativa. “Estamos diante de um momento ímpar. Este projeto nasceu da necessidade real do país, mesmo antes de uma aliança formalizada. Seu sucesso só foi possível graças ao comprometimento de diversos atores — empresas, institutos e universidades — que acreditaram em um propósito comum.”
Representando a Fundep, Ana Eliza Braga, coordenadora de Programas, reforçou a confiança no impacto do projeto. “Acreditamos que o MagBras tem potencial para reposicionar o Brasil na indústria global. É um projeto ambicioso, com forte base técnica e institucional, capaz de ampliar a maturidade tecnológica nacional e consolidar a integração entre academia e setor produtivo.”
Para a diretora técnica do IPT, Sandra Lúcia de Moraes, a iniciativa é motivo de orgulho nacional: “Desde o início, acompanho o projeto com entusiasmo. É um esforço grandioso, que une o nosso capital natural ao nosso capital intelectual. A transformação de conhecimento em tecnologia genuinamente brasileira é um passo essencial para o desenvolvimento sustentável do país.”
O pró-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jacques Mick, também celebrou a parceria. “É uma honra para a UFSC integrar essa aliança. A conexão entre universidade e indústria é fundamental para gerar soluções reais e promover o avanço científico com impacto social.”
O gerente executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI-SC, Maurício Cappra Pauletti, destacou o simbolismo do momento. “Estamos comemorando uma conquista construída com muito esforço coletivo. A união entre academia e indústria está dando origem a uma nova cadeia tecnológica no Brasil. Temos plena capacidade — técnica, intelectual e financeira — para tornar essa visão realidade.”
Encerrando as falas institucionais, o representante do Conselho Executivo FIEMG SENAI-MG, Ailton Ricaldoni, compartilhou sua trajetória e entusiasmo. “A tecnologia sempre esteve no meu DNA. Acompanhei o desenvolvimento industrial do Brasil ao longo das últimas décadas e sei o quanto esse projeto é necessário. Quando há boas ideias, nunca falta apoio — especialmente quando reunimos mentes brilhantes. O MagBras é o primeiro passo para que o Brasil deixe de exportar matéria-prima e passe a fornecer produtos de alto valor agregado.”
Aliança nacional para inovação industrial – Durante o evento, o coordenador do CIT SENAI ITR, André Pimenta, destacou a importância do momento: “Este é um encontro estratégico que alinha metas, cronogramas e responsabilidades entre empresas e instituições de ciência e tecnologia. Esse alinhamento inicial é essencial para garantir sinergia entre os atores e assegurar que todos os elos da cadeia — da mineração à produção final de ímãs — atuem de forma integrada.”
Segundo ele, Minas Gerais assume papel de protagonismo com a estrutura do CIT SENAI e os institutos de inovação em Processamento Mineral e Terras Raras. “O MagBras representa uma oportunidade concreta de desenvolvimento econômico e tecnológico. Diante de um cenário geopolítico desafiador, este projeto é uma resposta direta à necessidade de fortalecer nossa autonomia industrial.”
Da Mina ao Ímã – O Projeto MagBras, iniciativa estratégica do Programa Mover, em chamada do SENAI Departamento Nacional e da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), é sustentado por uma robusta aliança industrial formada por 38 empresas, startups, centros de inovação, instituições de pesquisa e universidades e fundações de apoio que atuam em diversos elos da cadeia produtiva.
São elas: Aclara, Appia, ArcelorMittal, Bemisa, Borborema Recursos Estratégicos, Eion Mobilidade Sustentável, Greylogix, Integra Laser, Iveco, Lean 4.0, Meteoric, BBX do Brasil, Moderna 3D, MOSAIC, Nanum Nanotecnologia, Resouro, SCHULZ, ST George, Steinert, Stellantis, Strokmatic, Taboca, Tupy, Vale, Viridis, Viridion, Walbert, WEG e ZEN, além de 6 Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) – Institutos SENAI de Inovação em Laser, Manufatura, Processamento Mineral e Materiais Avançados, CETEM, UFSC, IPT – e de 3 Fundações – Apoio à Inovação Tecnológica (FIPT), Apoio à Ciência, Cultura e Projetos Acadêmicos (FACC) e Apoio ao Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (FEESC).
Confira as fotos do evento no Flickr do Sistema FIEMG.
Denise Lucas
Imprensa FIEMG