A exposição “Dilúvio” reúne fotografias captadas por Daniel Moreira a partir de restos urbanos deixados pelas enchentes em regiões periféricas. Fragmentos de sofás, ventiladores quebrados, objetos encharcados e flores de plástico compõem uma estética de ruína e denúncia. As imagens derivam da série Área de Risco (2014), em que o artista acompanhou durante um ano os rastros deixados por um córrego após as chuvas. O que emerge não é limpeza, mas colapso: a água não purifica, revela. Para Moreira, o foco está no que ficou de fora da salvação – corpos, objetos e memórias à margem.

Com uma curadoria que propõe uma leitura barroca e quase litúrgica dessas composições visuais, Ângela Berlinde descreve a exposição como uma espécie de arqueologia do presente: “Ao lançar o olhar sobre os vestígios do colapso, o artista não oferece consolo, mas fricção”.

Espaço de passagem que vira lugar

Mais do que cenário para a estreia de uma exposição, o foyer do Teatro SESIMINAS BH agora se consolida como parte do circuito das artes visuais da capital mineira. Com isso, o teatro amplia seu papel como equipamento cultural e passa a oferecer também oportunidades para artistas emergentes e de trajetórias periféricas mostrarem seus trabalhos. A ocupação do foyer busca transformar um espaço de passagem em espaço de permanência — onde o encontro com a arte acontece sem mediações, dentro da rotina de espetáculos, eventos e oficinas que o local já abriga. É também uma forma de descentralizar o acesso às imagens e propor outros modos de vê-las.

“Dilúvio” permanece em cartaz por seis meses, com entrada gratuita.

SERVIÇO
Exposição “Dilúvio”, de Daniel Moreira
Curadoria: Ângela Berlinde
Local: Foyer do Teatro SESIMINAS BH – Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – BH
Inauguração: 29 de agosto de 2025
Visitação: de agosto de 2025 a fevereiro de 2026
Quarta a Domingo – 09h às 18h – Entrada gratuita