O conceito de ambidestria nas organizações foi debatido durante o segundo dia do Imersão Indústria, um dos maiores eventos do setor em Minas Gerais. Mediador do painel sobre o tema, o gerente-geral de Inovação e Açolab na ArcelorMittal, Rodrigo Carazolli, conceituou o termo logo na abertura: “É a capacidade de uma empresa de investir na manutenção de sua competitividade atual, ou seja, em como aumentar sua competitividade, reduzir desperdícios, aumentar o rendimento e o lucro baseado no que já se tem hoje e, ao mesmo tempo – e é preciso ser feito justamente ao mesmo tempo – explorar novas oportunidades, trazer inovação disruptiva e negócios novos, que são obviamente mais arriscados, mas que têm potencial de gerar resultados maiores e manter a sustentabilidade dos negócios a longo prazo. Essa capacidade de equilibrar esses dois mundos em uma mesma empresa e em um mesmo momento, é o que chamado ambidestria organizacional”, disse.
O painel “Organizações Ambidestras: Cultura de Inovação que Gera Resultados” contou ainda com participação do sócio do Boston Consulting Group (BCG), Lucas Moino, e do CEO da The Bakery Worldwide, Marcone Siqueira, que apresentaram dados sobre a importância do investimento em ambidestria para a sobrevivência e o futuro das organizações e também falaram sobre como inovar nas companhias.
“Existe uma correlação muito clara entre capacidade de inovação e potencial de geração de valor”, disse Lucas Moino. E para esse investimento em inovação se materializar em ganhos ao longo do tempo, ele relacionou três importantes componentes: 1- ambição clara sobre inovação e conexão da inovação com a estratégia da empresa; 2- disciplina em relação ao investimento em inovação; 3 – expansão dos horizontes e olhar para além da organização e do setor e do core.
Além disso, ele destacou a importância de tentar escapar do falso dilema de que grandes organizações não estão bem posicionadas para inovar com velocidade e qualidade. “Esse, de fato, é um falso dilema. Se a gente pensar, as startups costumam ser mais leves e rápidas, por razões óbvias, talvez mais corajosas e valentes em vários sentidos porque tenham pouco menos a perder, mas é justo pensar que as grandes corporações têm ativos importantes que quase qualquer startup no mundo gostaria de ter, como reputação, marca, capital, mercado. Então, é justo imaginar que com a cultura e estratégia de inovação certas, uma organização consegue ficar mais rápida e leve, consegue tomar decisões mais rápidas e inovar com efetividade”, disse.
No mesmo sentido, o CEO da The Bakery Worldwide, Marcone Siqueira, iniciou sua fala fazendo uma analogia da ambidestria nas organizações com o futebol. Ele trouxe imagens de quatro craques do esporte – todos destacados e considerados os melhores do mundo em suas épocas: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Pelé e Zinedine Zidane e destacou que o quatro tinham em comum a ambidestria, que no futebol significa a capacidade de chutar a bola tanto com o pé direito quanto com o esquerdo. Isso fazia com que eles fossem imprevisíveis, impedindo os demais jogadores de adiantar seus próximos passos. “A gente trouxe esse conceito de ambidestria para o mundo corporativo, onde as organizações ambidestras são imprevisíveis, ou seja, a gente não sabe exatamente como ela vai dar o próximo passo”, disse.
Ele apresentou alguns cases de sucesso de marcas que aplicam bem o conceito, como a Apple, e destacou como um dos pontos-chave desse processo de ambidestria e investimento em inovação a “habilidade de entender que a falha é inerente ao processo”.
Moina completou no mesmo sentido: “É importante ter um pipeline alimentado por ideias que têm potencial de virar conceitos, produtos, serviços e emular o mercado no futuro. E dentro desse pipeline, no desenvolvimento dessas ideias, é fundamental ter o conforto de errar. Aquela premissa de quem acerta mais é melhor, não vale aqui. A gente tem 2% de chance de acerto para fazer qualquer coisa. Então, quem errar antes 98 vezes, vai ter mais 2 soluções ou um bom produto ou um bom serviço na mão”.
O Imersão Indústria é realizado pela FIEMG, pelo SESI e pelo SENAI, com patrocínio máster da Gerdau, Vale, Gasmig, Cemig, Codemge, CNI e ArcelorMittal. O patrocínio ouro é da Herculano Mineração, Sicoob Credfiemg e Sicoob Credminas, Barbosa Mello e Caixa Econômica Federal. O patrocínio prata é da Bemisa, Localiza Gestão de Frotas, Vallourec e IVECO. O apoio máster é do Sebrae e apoio da RMMG, Mason Holdings, JMendes, Pfizer, (Re)energisa, Una, IEL e CIEMG.
Thaís Mota
Imprensa FIEMG