A Black Friday se consolidou como o maior evento comercial do país. Em 2024, o e-commerce brasileiro movimentou R$9,38 bilhões, segundo levantamento da Confi.Neotrust divulgado pelo E-commerce Brasil.
Para 2025, estudos de mercado projetam um avanço significativo, com estimativas de crescimento em torno de 16,5%, de acordo com análise da Gauge e W3haus publicada pela Exame, impulsionado por um consumidor mais racional, que compara preços com antecedência, pesquisa mais e privilegia produtos funcionais e de uso imediato. Esse novo comportamento aumenta a responsabilidade da indústria, que precisa garantir disponibilidade, variedade e prazos de entrega compatíveis com a expectativa do público.
No setor da moda, que inclui vestuário, calçados e acessórios, a Black Friday depende diretamente da capacidade produtiva das fábricas. O ritmo da data é determinado pela preparação industrial, que envolve decisões sobre estoques, mix de produtos, logística e eficiência dos canais digitais.
As empresas do setor têm ajustado seus processos para 2025. A estratégia envolve revisar o histórico de vendas, reforçar produtos de alto giro, acelerar coleções cápsula e reduzir riscos de encalhe. O consumidor da Black Friday está mais racional e exige rapidez, transparência e valor real. Isso demanda precisão da indústria nos meses que antecedem a campanha.
No vestuário, representado pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais, o comportamento do consumidor tem direcionado as coleções para peças casuais, roupas de conforto e itens athleisure. As empresas relatam estabilidade da produção no último trimestre e uma preparação cuidadosa para novembro. O presidente do sindicato, Rogério Vasconcellos, avalia que a mudança do consumidor impacta diretamente a indústria. “O cliente analisa mais, compara mais e compra apenas o que faz sentido. A indústria precisa acompanhar essa maturidade com qualidade e eficiência”, afirmou Vasconcellos. Ele destacou que a Black Friday é uma oportunidade importante para girar estoque e reforçar parcerias com o varejo.
Entre os acessórios autorais, o movimento também é positivo. A Claudia Marisguia Bijoux, que integra o Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias de Minas Gerais, registrou crescimento no volume produzido no último trimestre e ajustou a estratégia para lançamentos mais frequentes. A empresa espera um aumento de aproximadamente 10% no faturamento durante a Black Friday. De acordo com a diretora criativa, Nivia Marisguia, a identidade da marca é determinante para se destacar na data. “A Black Friday tem um ritmo intenso, então trabalhamos com coleções cápsula que preservam nossa assinatura. O público nota quando existe curadoria e autenticidade”, destacou Marisguia.
No setor de calçados e bolsas, ligado ao Sindicato das Indústrias de Calçados, Bolsas e Cintos de Minas Gerais, o cenário também é de crescimento. A Balaia aumentou sua produção em cerca de 10% no último trimestre e projeta avanço entre 20 e 30% nas vendas durante a semana da Black Friday. A demanda tem se concentrado em produtos funcionais, como bolsas médias, modelos compactos e calçados leves. O sócio Lucas Viola Dias Ladeira explica que a estratégia é equilibrar volume e margem. “As clientes buscam praticidade e versatilidade. Nosso desafio é entregar isso com qualidade, mesmo em um mês em que os custos sobem”, declarou Ladeira.
A Relicário Bolsas e Pastas, que atua principalmente no e-commerce, também projeta resultados expressivos. A expectativa da empresa é de crescimento em torno de 30% durante a Black Friday de 2025. Para atingir essa meta, a marca reforçou os estoques de produtos de maior giro e evitou ampliar o portfólio sem necessidade. Segundo o sócio-fundador, George Silvério, a estratégia é direcionada por dados. “Produzimos o que tem histórico comprovado de venda e ajustamos o restante do mix. A Black Friday exige precisão, não quantidade”, enfatizou Silvério.
Analisando o setor como um todo, a moda mineira chega à Black Friday 2025 com um conjunto robusto de estratégias industriais, reduzindo riscos, reforçando produtos essenciais, acelerando lançamentos e ajustando operações internas para responder ao comportamento do consumidor. A digitalização das vendas, aliada à revisão de coleções e ao fortalecimento logístico, cria um ambiente mais competitivo e preparado para atender ao ritmo do varejo.
O desempenho da Black Friday depende, de forma direta, dessa engrenagem industrial. Antes que o consumidor encontre produtos em promoção, a indústria já decidiu o que produzir, como estocar, como distribuir e em que volume atender. Em 2025, o setor produtivo mineiro demonstra estar preparado, impulsionado pelo crescimento industrial recente e pela maturidade das empresas.
Fernanda Borges
Imprensa FIEMG