A indústria mineira se prepara para um dos períodos mais relevantes do calendário econômico brasileiro, quando o ciclo de Natal e Ano-Novo movimenta cadeias completas de produção e distribuição, impulsiona contratações e eleva a demanda por produtos típicos das confraternizações. Juntos, os setores de bebidas, carnes e pirotecnia devem gerar milhares de vagas temporárias e fortalecer o abastecimento tanto do mercado interno quanto do comércio exterior. De acordo com as entidades industriais, o período deve consolidar um dos melhores desempenhos dos últimos anos.
No setor de bebidas, o ambiente é de otimismo. Segundo o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas-MG), as vendas no Carnaval de 2025 cresceram 12% em Minas, desempenho que costuma se repetir em dezembro, quando bares e restaurantes aumentam suas compras em até 20%. Para atender ao período festivo, as indústrias ampliam a produção com antecedência, fortalecem estoques reguladores, contratam mão de obra temporária e adotam turnos estendidos.
A localização estratégica de Minas, considerada um dos principais hubs logísticos do país, continua sendo um diferencial competitivo e tem atraído investimentos de grandes grupos, como a instalação recente de uma fábrica da Heineken no estado. Para o presidente do Sindibebidas, Mario Marques, “a diversidade e a capacidade de resposta da indústria mineira mostram que o estado está preparado para atender a um consumo cada vez maior e mais diversificado”.
A produção de bebidas cresce em paralelo ao aquecimento do setor de carnes, que registra forte alta no fim do ano. O último trimestre concentra tradicionalmente o maior volume de vendas. As confraternizações e a busca por produtos de maior valor agregado fazem com que novembro e dezembro representem até 25% do faturamento anual de algumas plantas frigoríficas. Em 2025, o desempenho internacional reforça a força da produção mineira.
Dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) mostram que as exportações de carnes do estado atingiram 1,5 bilhão de dólares até outubro, o que representa crescimento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para atender à elevação das encomendas de supermercados e açougues, as indústrias ampliaram turnos, autorizaram horas extras e contrataram entre 500 e 700 trabalhadores temporários, segundo projeção do Sindicato das Indústrias de Carnes, Derivados e de Frios de Minas Gerais (Sinduscarne).
Segundo o presidente do sindicato, Pedro Braga, “o fim de ano é decisivo para o setor e exige planejamento, investimento e forte capacidade de entrega. Mesmo diante dos desafios logísticos externos, como atrasos no Porto de Santos, Minas mantém posição de destaque entre os maiores fornecedores do país e do mundo”.
A alta na demanda também se repete no setor de pirotecnia, que atinge seu pico nos últimos meses do ano. Minas Gerais segue como o maior produtor nacional de fogos de artifício, com polo concentrado na região de Santo Antônio do Monte. Segundo o Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), mais de 60% do faturamento anual do setor está relacionado ao período de festas e grandes eventos, com crescimento expressivo na procura para o Réveillon. Embora o volume de produção de 2025 tenha se mantido estável em relação ao ano anterior, a comparação entre a alta temporada e os meses de baixa mostra um aumento médio de 30% nas vendas.
A indústria trabalha com estoque produzido ao longo do ano e recorre principalmente a horas extras, já que a contratação de temporários é limitada pela necessidade de qualificação específica para o manuseio de produtos controlados. Para 2026, o presidente Tiago Santos de Oliveira destaca que “a combinação da Copa e das eleições deve impulsionar um dos maiores ciclos de produção da última década, eventos que historicamente ampliam o consumo de artefatos pirotécnicos em todo o país”.
O conjunto desses movimentos confirma a força industrial de Minas Gerais. O estado não apenas abastece o mercado interno durante um dos períodos mais aquecidos do ano, mas também sustenta a presença brasileira no comércio exterior, gera postos de trabalho e impulsiona investimentos logísticos, tecnológicos e produtivos.
Fernanda Borges
Imprensa FIEMG