Ao longo das últimas quatro décadas, apesar do crescimento na geração de energia proveniente de fontes eólica e solar, o percentual de energia limpa gerada no Brasil tem diminuído. Na década de 1990, era de aproximadamente 97%, enquanto em 2022 caiu para 89%. Nesse período houve queda expressiva na participação das hidrelétricas, de 96% para 64%, e aumento da produção de energia não renovável, especialmente de termoelétricas a gás, para compensar a intermitência das energias eólica e solar.
A geração de energia eólica, por exemplo, chega a variar 73% ao longo do dia. Para atender as oscilações dessas fontes intermitentes, a geração hídrica e térmica complementa o sistema e aumenta a produção de energia. Porém, nos últimos anos, o país não tem dado a devida importância às hidrelétricas. Segundo estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), entre 2006 e 2022, o crescimento das termelétricas foi de 131%, enquanto as hidrelétricas corresponderam a apenas 22%.
O estudo também mostra o impacto no meio ambiente. Entre os anos de 1995 e 2022, período em que se aumentou a participação das termoelétricas no país, as emissões diretas de CO2 provenientes da geração de energia elétrica foram ampliadas em 360%, comparadas com o período de 1970 a 1994.
“A compensação por meio de termelétricas gera impactos negativos, pela emissão de gases poluentes e ampliação dos custos com energia, que são repassados ao preço para o consumidor final”, afirma o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe.
Hidrelétricas contribuem para a redução de emissões de GEE
As hidrelétricas são fundamentais para a conservação ambiental. Ao ser comparada com fontes não renováveis de produção de energia, a emissão de gases de efeito estufa de todo o ciclo de vida por hidrelétricas é 34 vezes menor que a emissão de termoelétricas movidas a carvão natural e 20 vezes menor que as termoelétricas a gás.
Durante o período de 1970 a 2022, as usinas hidrelétricas responderam por 78% da produção total de energia elétrica, mas contribuíram apenas com 20% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) do setor de energia elétrica. Em contrapartida, as termoelétricas, que representaram apenas 18% da geração de energia elétrica, foram responsáveis por 79% das emissões de GEE no mesmo período.
“Em um cenário de redução mundial nas emissões de gases de efeito estufa e transição energética, utilizar a matriz hidrelétrica será de fundamental importância para o cenário climático”, avalia Roscoe.
Considerando as últimas emissões de gases de efeito estufa do setor industrial em 2022e as informações de geração de energia elétrica deste mesmo ano, as termoelétricas geraram o correspondente a 57%do total de toda emissão de gases de efeito estufa da indústria brasileira.
Hidrelétricas ajudam no desenvolvimento socioeconômico
O estudo mostra ainda que, caso as fontes de energia não renováveis fossem substituídas por hidrelétricas, haveria uma redução de custos por ano com energia elétrica de 19,3%, um aumento nas exportações de R$ 13,5 bilhões e um crescimento de 0,9% do PIB.
“A diminuição dos custos de energia tem um impacto significativo em toda a economia. Impulsiona a produtividade na indústria, aumenta a competitividade, a criação de empregos, a expansão da massa salarial, ou seja, estimula o desenvolvimento do país”, afirma o presidente da FIEMG.
Além de contribuir para o crescimento do país, as hidrelétricas também ajudam no desenvolvimento social. Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), os municípios mineiros com presença de hidrelétricas registram desenvolvimento superior ao restante do estado. Municípios com hidrelétricas têm índice de desenvolvimento de 0.702, enquanto os que não possuem usinas têm índice de 0.676. Quanto mais perto de 1, mais desenvolvido é o município.
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