A reunião do Conselho de Tecnologia e Inovação da FIEMG foi realizada na última quinta-feira (27/11), na sede da FIEMG, em Belo Horizonte, com foco na promoção de conexões estratégicas entre indústria, academia e centros de pesquisa. A abertura foi conduzida pelo presidente do conselho, Matheus Pedrosa, que destacou a importância de criar um ambiente permanente de encontro e colaboração entre os atores do ecossistema de inovação.
Pedrosa abriu a reunião dando um retorno aos membros sobre a Jornada da Inovação realizada em Uberlândia, convidando todos para a Jornada da Inovação em Itajubá e para a Jornada Regional da Inovação em Belo Horizonte.
Prêmio Nobel de Economia 2025
A reunião contou também com a participação do Economista Chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos Silva, que falou sobre a importância da inovação e seus aspectos na economia. Para isso, ele ilustrou a temática apresentando os três premiados no Nobel de economia 2025: inovação, crescimento e futuro da indústria.
“O Prêmio Nobel de Economia de 2025 foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt devido às suas pesquisas para demonstrar como as estratégias de inovação contribuem para impulsionar o desenvolvimento econômico. O holandês Joel Mokyr foi reconhecido por identificar condições necessárias para progresso econômico sustentado, ou seja, aquele sem grandes solavancos, e o francês Philippe Aghion e o canadense Peter Howitt receberam o prêmio pela teoria do crescimento baseada na chamada ‘destruição criativa’: processo no qual inovações novas e melhores substituem as anteriores”, explicou Izak Silva.

Sobre a premiação ao holandês, o Economista Chefe do BDMG concluiu que a inovação duradoura exige mais que inovações, ele destacou que é preciso uma avaliação de impacto. “Além disso, a cultura intelectual das redes de comunicação e instituições que acolhem novas ideias são cruciais para transformar as descobertas isoladas em crescimento econômico sustentável. Outra conclusão diante dessa premiação é de que sociedades que penalizam a mudança tendem a estagnar: a inovação precisa de abertura social e institucional para se propagar”, ressaltou Silva.
“Sobre a premiação do francês e do canadense, podemos concluir que uma inovação bem sucedida cria ganhos sociais (produtividade) mas impõe custos a incumbentes (há conflitos distributivos entre vencedores e perdedores na inovação). Outra conclusão é que a quantidade e a intensidade da concorrência, além do financiamento à inovação, determinam o crescimento sustentado. E a gestão do trade-off entre proteger investimentos existentes (estabilidade) e permitir substituição rápida (dinamismo) é central para otimizar crescimento”, concluiu Izak Silva que acrescentando que esse prêmio Nobel trouxe lições para economia brasileira e para indústria.
Inovação e Tecnologia da CNI para 2026
O Superintendente de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Bork, destacou que o Brasil caiu duas posições no ranking global de inovação, ficando na 52ª colocação entre 139 economias avaliadas no Índice Global de Inovação (IGI) 2025.
O relatório é publicado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Brasil. “O brasileiro é criativo e inovador, mas precisa se mobilizar mais em apresentar o que tem feito no campo da inovação para ser reconhecido”, ressaltou Bork.
Carlos Bork lembrou ainda que os porquês da indústria e a academia brasileira não conversarem sobre tecnologia e inovação é um problema cultural. “A estratégia é olhar para o cenário mundial e oportunizar a indústria nacional das mais diversas áreas no sentido da inovação”.
Bork contou que esteve na China para avaliar as novidades da transformação digital para a transição ecológica. “Visitamos o país asiático para articular atores e orquestrar com excelência mudanças no cenário industrial brasileiro. Queremos estar na vanguarda das estratégias políticas de tecnologia e inovação”, salientou o Superintendente de Inovação da CNI.
Fechamento do ano
O presidente do Conselho de Tecnologia e Inovação, Matheus Pedrosa, fechou a reunião agradecendo pela parceria com os membros em 2025, anunciando a retomada das reuniões para fevereiro de 2026, sendo que a primeira delas terá como pauta a análise da virada de ano, bem como a composição do conselho, o planejamento e os objetivos para o próximo ano.
Pedrosa alertou ainda para a falta de mão de obra qualificada para o setor de tecnologia e inovação. “Estamos com seis linhas de pesquisa em andamento, dessas, três tem 80% do que precisa pré-pronto e encaminhado. Mas, ainda temos muita inovação e boas tecnologias paradas na esteira por falta de mão de obra”, lamentou.