Empresários e representantes da cadeia produtiva participaram, nesta terça-feira (23/09), da reunião ordinária da Câmara da Indústria de Base Florestal da FIEMG, realizada na sede da Federação, em Belo Horizonte. O encontro trouxe debates sobre temas estratégicos para o setor, com destaque para os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, além de pautas trabalhistas e ambientais.
O presidente da câmara e do SINDIFER, Dr. Fausto Varela Cançado, abriu a reunião ressaltando a importância do diálogo em um momento de instabilidade global. “As tarifas impostas pelos Estados Unidos geram insegurança e dificultam o planejamento da indústria, trazendo impactos para a produção atual e riscos futuros para os negócios”, afirmou Cançado.
Na sequência, a coordenadora de Estudos Econômicos da FIEMG, Juliana Moreira Gagliardi, e a coordenadora de Facilitação de Negócios Internacionais, Verônica Ribeiro Winter, apresentaram análises sobre os impactos do tarifaço na economia mineira. Juliana Gagliardi destacou que Minas Gerais foi proporcionalmente mais atingida do que a média nacional. “Enquanto no Brasil cerca de 45% da pauta exportadora foi isenta, em Minas Gerais esse percentual foi de 37%. Isso significa que setores estratégicos, como a siderurgia, seguirão altamente expostos, com impactos que podem chegar a 16 bilhões de reais no PIB mineiro em um horizonte de 10 anos”, explicou Gagliardi.
Verônica Winter reforçou a necessidade de atenção das empresas na emissão de certificados de origem e de diversificação de mercados. “Temos buscado orientar as empresas para reduzir riscos e abrir alternativas comerciais. A expectativa é de que as negociações entre Brasil e Estados Unidos avancem, mas até lá a indústria precisa se preparar para enfrentar os efeitos já em curso”, pontuou Winter.
Ainda durante a reunião, a advogada trabalhista da FIEMG, Conceição Marlise Resende, chamou atenção para os impactos do vício em jogos online no ambiente de trabalho. Ela explicou que, em casos mais graves, o problema pode ser caracterizado como doença incapacitante, demandando atestado médico válido. “O vício em jogos pode gerar quadros de estresse, irritabilidade e até depressão, afetando diretamente a produtividade. Nesses casos, a legislação trabalhista já prevê a necessidade de apresentação de atestados médicos e a possibilidade de encaminhamento para avaliação do médico do trabalho. Além disso, o problema pode estimular a informalidade e agravar as dificuldades das empresas em contratar mão de obra qualificada”, destacou Resende.
Na pauta ambiental, a analista da Gerência de Meio Ambiente da FIEMG, Nathalia Martins, apresentou a Resolução CONAMA nº 510/2025, que estabelece critérios técnicos para autorizações de supressão de vegetação nativa em propriedades rurais. “A medida busca padronizar, em nível nacional, os critérios de emissão desse instrumento, garantindo que a exploração comercial da flora seja legalizada e vinculada aos processos de licenciamento federal, sob responsabilidade do Ibama. Dessa forma, assegura-se maior controle sobre a exploração e transporte da vegetação nativa suprimida”, explicou Martins.
Na sequência, a trainee da Gerência de Meio Ambiente, Gabriele Moreira, apresentou as Portarias de Escassez Hídrica publicadas em Minas Gerais em 2025, que abrangem bacias como as dos rios Paranaíba, Itacambiruçu, das Velhas, Pará, Xopotó e Paraopeba. “A FIEMG tem produzido informes estratégicos sobre cada portaria, trazendo a definição, os percentuais de restrição por tipo de uso e o tempo de vigência de cada medida. Esses documentos ficam disponíveis para consulta das empresas e contribuem para orientar a tomada de decisão no uso racional da água”, explicou Moreira.
Fernanda Borges
Imprensa FIEMG