Como equilibrar o avanço tecnológico com a centralidade das pessoas no ambiente corporativo? Foi com essa reflexão que se iniciou o painel “O impacto nas empresas e a transformação tecnológica”, parte da programação do Imersão Indústria, evento realizado pela FIEMG, nesta terça-feira, 1º de outubro, no Minascentro, em Belo Horizonte.
No palco, Sofia Trombetta, diretora de Pessoas da ArcelorMittal LATAM e Mineração, e o Doutor Gustavo Donato, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e ex-reitor do Centro Universitário FEI, compartilharam suas visões sobre como tecnologia e pessoas devem caminhar juntas para moldar o futuro das organizações.
Donato abriu o debate enfatizando que a evolução da sociedade e dos profissionais está atrelada à capacidade de reaprendizado constante. Segundo ele, nas próximas décadas de 2030 e 2040, cerca de 80% dos profissionais precisarão ser “lifelong learners“, ou seja, aprender ao longo de toda a vida, desaprendendo e reaprendendo conforme novos paradigmas se apresentem. Nesse cenário, a tecnologia é uma presença fundamental. Ele recomendou a leitura do “Tech Trends Report” do Future Today Institutes, divulgado anualmente no festival SXSW, nos Estados Unidos, como uma ferramenta para entender os principais eixos de transformação tecnológica, com destaque para o papel da inteligência artificial (IA).
Sobre a IA, o professor-doutor, já está redesenhando áreas como saúde personalizada, clima e energia, mobilidade, robótica e logística. No entanto, alertou sobre o uso cada vez menor da “inteligência natural” das pessoas. “Meu grande medo é que estamos usando menos a inteligência natural”, afirmou, ressaltando que o excesso de estímulos tecnológicos tem levado a uma perda de foco, aumento de ansiedade e um fenômeno de “colapso do conhecimento”. Ele também trouxe o conceito do “nexialista” — um profissional do futuro que cria conexões entre áreas do saber não óbvias, sendo um agente de inovação em ambientes complexos e interdisciplinares.
Sofia Trombetta, por sua vez, abordou a importância de colocar as pessoas no centro desse processo de transformação tecnológica. “Falar de ciência e tecnologia sem falar de pessoas não é possível”, declarou. Ela destacou o desafio que as organizações enfrentam em um contexto em que quatro gerações estão convivendo no mesmo ambiente de trabalho, o que gera um “caos geracional”. Para Sofia, o papel das áreas de gestão de pessoas é fundamental para assegurar que os colaboradores possam enfrentar a transformação tecnológica de forma orgânica e sem medo.
Na ArcelorMittal, Sofia explicou que a empresa está investindo na preparação de lideranças para lidar com as inovações tecnológicas há alguns anos. “Antes de tudo, falamos de ética, da inteligência e das relações humanas”, disse, destacando a importância de não perder de vista que, apesar de todo o avanço tecnológico, são as pessoas que fazem a diferença nas empresas.
O painel no Imersão Indústria evidenciou que o futuro das empresas passa, inevitavelmente, pela integração entre pessoas e tecnologia. A inovação, segundo os palestrantes, só será bem-sucedida se as organizações souberem equilibrar o poder transformador da inteligência artificial com o cuidado com o ser humano. O desafio está em navegar pela transformação tecnológica, mantendo as pessoas no centro, como protagonistas das mudanças que moldarão as organizações do futuro.
O Imersão Indústria é realizado pela FIEMG, SESI e SENAI, com patrocínio máster da ArcelorMittal, Codemge, CNI e Vale; apoio máster do SEBRAE; patrocínio ouro da Herculano Mineração, Gerdau, Eletrobras, Schneider Eletric; patrocínio prata do Sicoob Credfiemg, Copasa, CBMM, Souza Cruz/BAT Brasil, USIMINAS e Nanum Nanotecnologia; e apoio do BDMG, Localiza, Bemisa, Sambatec, FAEMG e Fecomércio.
Ana Paula Motta
Imprensa FIEMG